Tarifaço pode deixar 8 mil desempregados no setor calçadista: entenda o impacto
Tarifaço ameaça 8 mil empregos no setor calçadista

O setor calçadista brasileiro está com os pés no fogo. Literalmente. Um possível aumento nas tarifas de importação — o famoso "tarifaço" — pode colocar 8 mil empregos na corda bamba, segundo alertas de entidades do ramo.

Não é brincadeira. Enquanto o governo discute medidas protecionistas, fábricas espalhadas principalmente pelo Sul do país já começam a sentir o aperto. "É como tentar apagar incêndio com gasolina", comenta um empresário que prefere não se identificar — afinal, ninguém quer queimar o filme com Brasília.

O que está em jogo?

O calcanhar de Aquiles da história? Matérias-primas. Cerca de 60% dos componentes usados na fabricação de calçados no Brasil vêm de fora. Sem acesso a esses insumos a preços viáveis, a conta simplesmente não fecha:

  • Máquinas paradas
  • Encomendas canceladas
  • Funcionários com aviso prévio na mão

E olha que a situação já não estava nada boa. Nos últimos cinco anos, o setor perdeu mais de 30 mil postos de trabalho. Agora, com esse novo baque, até as fábricas mais tradicionais — aquelas que sobreviveram a todas as crises — estão repensando suas estratégias.

E o consumidor?

Ah, não se engane pensando que isso é problema só de quem fabrica sapato. No final da linha, quem paga o pato é sempre o mesmo: o cliente final. Com custos mais altos, os preços nas prateleiras vão subir — e muito.

"Vai ter gente tendo que escolher entre trocar de tênis ou pagar a conta de luz", brinca (sem graça) um varejista de São Paulo. A ironia? Justamente quando a economia começava a dar sinais de recuperação...

Enquanto isso, nas esferas governamentais, o debate esquenta. Alguns defendem a medida como proteção à indústria nacional. Outros — incluindo especialistas em comércio exterior — alertam para o tiro sair pela culatra. "Proteger é uma coisa. Asfixiar é outra", resume um economista.

O fato é que o relógio está correndo. E para milhares de trabalhadores, pode ser questão de semanas até o desemprego bater à porta. Resta saber se, quando a poeira baixar, ainda vai sobrar algum setor calçadista para contar a história.