
Parecia que ia ser um furacão. A Meituan, um verdadeiro colosso do delivery na China, chegou ao Brasil com tudo — ou quase tudo. Aterrissou primeiro em São Paulo, metendo o pé na porta com preços baixos e promoções agressivas para tentar conquistar uma fatia do disputadíssimo mercado de delivery. A estratégia? Basicamente, a mesma que deu certo lá no outro lado do mundo.
Mas é claro que o Brasil não é a China. E a realidade, essa professora dura, deu uma bela de uma lição.
O Plano Original: Chegando Para Brigar
A ideia inicial era simples, direta e ousada: expansão rápida. A marca KeeTa, braço da Meituan por aqui, desembarcou na capital paulista no ano passado botando fogo na parada. Descontos pesados, corridas grátis, cashback… o pacote completo para tentar fisivar o usuário brasileiro, já tão acostumado a iFood e Rappi.
E deu certo? Bom, até que deu. Gerou um burburinho, claro. Quem não gosta de um desconto? Mas sustentar aquela máquina de queimar dinheiro? Ah, isso era outra história completamente diferente.
A Virada de Chave: Do Agressivo ao Estratégico
Aqui é onde a coisa fica interessante. A empresa percebeu que não dava para continuar naquela toada. O mercado brasileiro é complexo, caro e cheio de particularidades — logística complicada, tributos que assustam, um poder aquisitivo do consumidor que não é lá essas coisas. Tentar replicar o modelo chinês aqui era como enfiar uma peça quadrada num buraco redondo.
Então, veio o baque de realidade. E, diferente do que muitos fariam, a Meituan decidiu não bater de frente. Ela deu uma passo atrás para dar dois à frente. A estratégia mudou da noite para o dia: saiu de uma expansão a todo custo para um crescimento calculado, milimétrico, quase cirúrgico.
O foco agora? Qualidade em vez de quantidade. Em vez de tentar estar em todo lugar de qualquer jeito, a empresa está priorando operações em áreas específicas onde ela consegue oferecer um serviço realmente bom — e, quem sabe, lucrativo.
Os Desafios que Mudaram o Jogo
Por que essa mudança tão radical? A lista de obstáculos é longa. Imagina só:
- Custo Brasil de dar dor de cabeça: Impostos, logística cara, infraestrutura que às vezes falha… tudo isso pesa no bolso.
- Concorrência ferrenha: iFood não é brincadeira. É uma gigante enraizada, e o consumidor já está mais do que acostumado com ela.
- O consumidor é esperto: O brasileiro adora uma promoção, mas é fiel ao que funciona. Se o app não entregar velocidade e confiabilidade, ele vaza na primeira oportunidade.
Foi encarando esses muros de frente que a Meituan entendeu que precisava jogar um jogo diferente. Mais inteligente, menos impulsivo.
E Agora, José? O Futuro da KeeTa no Brasil
A nova tática é clara: consolidação em vez de explosão. A empresa está se movendo devagar, com passos certeiros. Está estudando o terreno, aprendendo com os erros — porque erraram, sim — e ajustando a rota conforme navega nessas águas turbulentas.
É uma lição e tanto para outras gigantes globais que pensam em vir para cá acreditando que é só replicar um modelo de sucesso de outro país. O Brasil tem suas próprias regras, seu próprio ritmo. E quem não respeita isso… bem, dificilmente colhe os frutos.
A história da Meituan por aqui ainda está sendo escrita. Mas uma coisa é certa: ela está aprendendo a dançar conforme a música — e a música brasileira, todos sabemos, tem um ritmo muito particular.