
O clima estava longe de ser amistoso — digamos, carregado de uma expectativa nervosa. Na tarde desta quarta-feira (3), em São Paulo, um encontro de alto nível reuniu representantes de peso do setor empresarial brasileiro e Matthew Murray, vice-secretário de Estado para Crescimento Econômico, Energia e Meio Ambiente dos Estados Unidos.
E não, não era um chá de simpatia. A pauta era quente, espinhosa e direta: o famigerado aumento generalizado de tarifas imposto pelos Estados Unidos — aquele que tá tirando o sono de muita gente por aqui.
O Elefante na Sala
Os empresários brasileiros, representados pela poderosa CNI (Confederação Nacional da Indústria), não fizeram rodeios. Foi na lata. Explicaram, com dados na mesa — e uma pitada de frustração —, como a medida impacta setores cruciais da nossa economia. Siderurgia, mineração, têxtil… a lista é longa, e o prejuízo, palpável.
Não se trata apenas de números numa planilha. São empregos, são investimentos travados, é competitividade indo por água abaixo. O tom era de "precisamos resolver isso, e rápido".
E Do Outro Lado?
Murray, é claro, veio com o discurso diplomático afiado. Ouviu tudo, anotou pontos — aquele estilo clássico de quem ouve mais do que fala. Reiterou o interesse dos EUA em aprofundar a relação económica com o Brasil, um parceiro estratégico.
Mas… sempre tem um mas, né? Ele lembrou que a revisão da política comercial americana é um processo complexo, que envolve várias agências e, claro, muito jogo de interesse interno. Não prometeu mundos e fundos, mas sinalizou vontade de diálogo.
Uma coisa ficou clara: os americanos sabem que o Brasil não é um parceiro qualquer. É um gigante económico que pode e deve ser ouvido.
E Agora, José?
O sentimento que ficou no ar é que esta foi apenas a primeira de muitas conversas. Nada se resolve numa tarde, entre quatro paredes. Mas abrir o canal, colocar as cartas na mesa, foi um passo crucial.
Os empresários saíram cautelosamente esperançosos. Cientes de que a batalha é longa, mas aliviados por terem conseguido ecoar suas preocupções no mais alto nível. Agora, é acompanhar os desdobramentos — torcer para que a razão, e o interesse mútuo, prevaleçam.
Fato é: o mundo tá de olho. E o Brasil, pelo menos desta vez, não se calou.