
Não é todo dia que uma cidade perde um de seus pilares. E foi com pesar que Volta Redonda acordou hoje mais vazia — Mauro de Oliveira Pereira, aos 94 anos, partiu deixando um legado que poucos conseguem construir em décadas de trabalho.
Quem conheceu o homem por trás do empresário sabe: ele era daqueles raros casos em que visão de negócios e humanidade andavam de mãos dadas. "Não se faz riqueza sozinho", costumava dizer, em seu jeito franco e direto que marcava tanto quanto suas conquistas.
Da garra ao legado
Nascido em tempos difíceis — quando o Brasil ainda engatinhava industrialmente — Mauro construiu seu império com aquela mistura de ousadia e prudência que só os grandes empreendedores dominam. Começou pequeno, é claro. Como quase todos. Mas enxergava oportunidades onde outros só viam obstáculos.
Seus primeiros negócios na década de 50 pareciam modestos, mas já revelavam o faro apurado para tendências. "Ele antevia o que o mercado precisaria antes mesmo do mercado saber", contou um antigo sócio, em tom de admiração que o tempo não apagou.
Marcas que permanecem
Volta Redonda, aquela cidade que respira aço e determinação, ganhou contornos diferentes graças às suas iniciativas. Das indústrias aos projetos sociais, Mauro entendia que desenvolvimento econômico e progresso social eram duas faces da mesma moeda.
- Fundador de três empresas que empregaram gerações
- Patrocinador de programas de capacitação profissional
- Mentor de dezenas de jovens empreendedores
E pensar que tudo começou com um armazém modesto na região central! A vida tem dessas ironias — quem diria que aquele jovem cheio de ideias revolucionaria o comércio local?
O adeus
A família — sempre sua prioridade máxima, como não cansava de repetir — comunicou que o falecimento ocorreu em casa, cercado pelos seus. "Partiu em paz, como viveu", disseram em nota breve, mas carregada daquela emoção que palavras não conseguem conter.
O velório acontecerá no Memorial Vale do Aço, porque nada mais justo do que despedir-se no lugar que tanto ajudou a construir. E se depender da comoção nas redes sociais — onde histórias pessoais pipocam como testemunhos vivos — será difícil encontrar espaço para tanta gente.
Volta Redonda perdeu hoje mais do que um empresário. Perdeu parte de sua memória viva. Mas, como bem sabem os que estudam legados, algumas pessoas morrem apenas no corpo — suas ideias e exemplos? Esses são eternos.