
Numa época em que o mundo parece girar mais rápido que o ponteiro dos relógios, o Brasil busca reinventar sua posição no tabuleiro geopolítico. E como? Com uma estratégia que mistura o pragmatismo de um negociador experiente com a ousadia de quem não tem medo de quebrar protocolos.
Nesta terça-feira, durante um evento que reuniu mentes brilhantes no Itamaraty, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, soltou a frase que ecoou pelos corredores: "Diversificar não é opção - é sobrevivência". Palavras duras, mas necessárias, especialmente quando se fala em reduzir a dependência de mercados que, convenhamos, andam mais instáveis que barco em mar revolto.
BNDES entra no jogo
Quem também não ficou de braços cruzados foi Aloizio Mercadante, presidente do BNDES. Com aquele jeito característico de quem já viu de tudo nessa vida, ele destacou: "Temos que parar de colocar todos os ovos na mesma cesta. E olha que eu sei do que falo - já vi muitas cestas quebrarem". A analogia pode parecer simples, mas carrega uma verdade dolorosa.
Os números mostram que:
- Mais de 40% das exportações brasileiras ainda se concentram em apenas três mercados
- Produtos básicos representam parcela significativa desse comércio
- Apenas 5% das empresas brasileiras exportam regularmente
Não é difícil entender porque essa conversa sobre diversificação ganha tons de urgência, não é mesmo?
Novos horizontes, velhos desafios
O discurso oficial fala em fortalecer laços com África e Sudeste Asiático - regiões que, diga-se de passagem, andam com fome de produtos que o Brasil sabe fazer como ninguém. Desde alimentos até tecnologia agrícola, passando por soluções em energias renováveis (área onde o país está longe de ser um coadjuvante).
Mas calma lá! Antes que alguém pense que é só abrir as asas e voar, Mercadante faz questão de lembrar: "Ninguém está dizendo que vai ser fácil. Difícil mesmo foi descobrir o Brasil, e olha no que deu". A piada, é claro, veio acompanhada de um plano concreto que inclui linhas de crédito especiais e missões comerciais estratégicas.
Enquanto isso, nos bastidores, correm conversas sobre:
- Simplificação de processos burocráticos
- Programas de capacitação para exportadores
- Fortalecimento da imagem do Brasil no exterior
Parece básico? Talvez. Mas são justamente esses detalhes que costumam fazer a diferença entre o discurso bonito e os resultados concretos.
No final das contas, o que fica claro é que o Brasil está acordando para uma realidade incômoda: num mundo em transformação acelerada, ficar parado é o mesmo que andar para trás. E dessa vez, pelo menos no papel, a estratégia parece ir além do lugar-comum.