
Quem diria que aquele menino, criado entre os canaviais do interior catarinense, se tornaria um dos nomes mais respeitados do empresariado brasileiro? Pois é, a vida prega essas surpresas — e no caso de César Gomes, elas vieram em dose tripla.
Aos 72 anos, com olhos que ainda brilham ao falar de negócios, Gomes é a prova viva de que persistência e visão podem mover montanhas. Ou melhor, construir impérios — no caso dele, a Portobello, gigante do setor cerâmico que exporta para mais de 100 países.
Raízes humildes, asas ambiciosas
Tudo começou nos anos 1960, numa propriedade rural onde o açúcar era o rei. Enquanto outros garotos sonhavam com bicicletas, o jovem César já calculava margens de lucro entre um corte de cana e outro. "Aprendi cedo que trabalho duro não enriquece ninguém — inteligência no trabalho, sim", revela, com a sabedoria de quem virou o jogo.
O pulo do gato veio nos anos 80, quando percebeu que o Brasil precisava mais do que doces. Com uma mistura de ousadia e cautela típica dos autodidatas, mergulhou no universo da cerâmica. "Foi amor à primeira queima", brinca, referindo-se ao processo industrial.
O segredo? Errar rápido e corrigir mais rápido ainda
Não foi um mar de rosas — longe disso. Crises econômicas, erros de cálculo, concorrência feroz... Gomes enfrentou de tudo. Mas aprendeu a lição mais valiosa: "Na indústria, quem para de inovar vira peça de museu".
- 1987: Primeira fábrica, tamanho modesto, ambição gigante
- 1994: Expansão para o mercado internacional
- 2006: Consolidação como líder nacional
- 2020: Adaptação exemplar durante a pandemia
Hoje, com mais de 3.000 colaboradores, a Portobello é sinônimo de inovação — e muito disso vem da filosofia do fundador: "Tecnologia sem humanidade é só gasto".
O legado que vai além dos azulejos
Para Gomes, sucesso se mede também pelo que se deixa para trás. Seus projetos sociais — especialmente na área educacional — já transformaram realidades em Santa Catarina. "Dinheiro enche conta, conhecimento enche vida", filosofa, entre um cafezinho e outro.
E os planos? Não parar. Aos 72, ele ainda lidera pessoalmente projetos ousados de expansão. "Aposentadoria? Só quando a criatividade acabar", provoca, mostrando que a chama do empreendedorismo continua acesa.
Enquanto muitos da sua geração descansam nos louros do passado, César Gomes prefere olhar para frente — afinal, como ele mesmo diz: "O melhor revestimento ainda está por ser criado".