Casas Bahia capta R$ 555 milhões em operação de risco sacado: entenda o movimento
Casas Bahia capta R$ 555 milhões com risco sacado

O mercado financeiro brasileiro acaba de presenciar mais um movimento ousado de uma das maiores redes varejistas do país. As Casas Bahia, aquela gigante que todo mundo conhece – seja para mobiliar a casa ou comprar aquele eletrodoméstico em promoção –, realizaram uma operação financeira nada trivial que rende conversa entre os especialistas.

Estamos falando de uma captação suculenta de R$ 555 milhões. Uma grana preta, convenhamos. Mas o que chama mesmo a atenção é o mecanismo utilizado: a chamada "operação com risco sacado". Soa técnico, e é mesmo. Basicamente, a empresa cedeu para uma instituição financeira – no caso, a CSU CardSystem – uma carteira de direitos creditórios. São valores que os fornecedores da Casas Bahia têm a receber.

Como funciona essa engrenagem financeira?

Pense no fluxo normal das coisas: a Casas Bahia compra mercadorias dos fornecedores e tem um prazo para pagar. Esses pagamentos futuros viram, na contabilidade, direitos a receber por parte dos fornecedores. A jogada foi empacotar esses direitos e vendê-los adiantadamente à CSU. A varejista recebe o dinheiro agora, à vista, e a financeira assume o risco de receber esses valores no futuro. Um belo de um adiantamento de recebível, só que em larga escala.

É uma forma de gerar caixa rápido, uma injeção de liquidez imediata para tocar os negócios. Afinal, o varejo é um setor que vive de giro, de capital de giro, né? A necessidade de caixa é constante.

E o tal do "risco sacado"?

Aí é que mora o detalhe mais interessante – e que justifica o nome complicado. Nesse tipo de operação, a financeira (CSU) "saca" o risco de crédito para si. Isso significa que, se houver alguma inadimplência no caminho – se a própria Casas Bahia, por qualquer razão, não honrar o pagamento desses créditos no vencimento –, o prejuízo fica com a CSU. A varejista se livra desse risco potencial.

Parece um ótimo negócio para as Casas Bahia, não é? E é, sob certo aspecto. Mas claro, nada é de graça. Esse "serviço" de assumir o risco tem um custo embutido no valor da transação. A financeira compra esses créditos com um desconto, que é o seu lucro e o prêmio pelo risco que está assumindo. A Casas Bahia recebe R$ 555 milhões, mas o valor nominal total dos créditos cedidos era maior.

É uma troca. A empresa abre mão de uma fatia do valor futuro em troca de segurança e agilidade no presente. Uma decisão estratégica que reflete as necessidades do momento.

O que isso significa para o varejo?

Operações assim não são exatamente novidade, mas seu volume e frequência são um termômetro da saúde financeira das empresas e do apetite do mercado por risco. Um movimento desse tamanho mostra que há instituições dispostas a apostar no fluxo de caixa futuro de uma grande varejista, mesmo em tempos economicamente desafiadores.

Por outro lado, também sinaliza que a Casas Bahia está buscando formas criativas e ágeis de fortalecer seu caixa, talvez para investir, talvez para navegar em águas mais turbulentas. Sabe como é, o varejo brasileiro é uma montanha-russa.

Resta acompanhar como esses R$ 555 milhões serão aplicados e qual será o impacto de longo prazo dessa manobra na trajetória da companhia. Uma coisa é certa: o mercado de capitais brasileiro nunca para de surpreender.