Copom sinaliza possível corte de juros em 2026 após manter Selic em 15%
Copom mantém juros em 15% com sinais de corte para 2026

O Banco Central manteve a taxa Selic em 15% nesta terça-feira, 11 de novembro de 2025, mas a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) trouxe nuances que fizeram analistas enxergarem os primeiros sinais de transição rumo ao corte de juros no próximo ano.

Tom ortodoxo com confiança crescente

Segundo Rafael Sueishi, head de renda fixa da Manchester Investimentos, o documento mostra um Banco Central ainda rígido, mas mais confiante de que a política monetária começa a surtir efeito. "A ata do Copom foi complementar ao comunicado, a continuidade de um tom mais duro, um Banco Central ortodoxo", afirmou o especialista.

Ele destacou que, apesar do BC manter a porta aberta para novos apertos caso necessário, a autoridade monetária demonstra convicção de que a política atual tem surtido efeito e o fim do ciclo de altas fica cada vez mais claro.

Alerta fiscal e coordenação de políticas

André Valério, economista sênior do Inter, compartilha da mesma leitura. Ele explica que, embora o Copom mantenha o tom firme, o texto traz um elemento novo: maior confiança de que o juro atual já é suficiente para controlar a inflação.

"O Comitê reforça que possui maior confiança de que a taxa corrente é suficiente para garantir a convergência da inflação", afirmou Valério. O economista também chamou atenção para o trecho em que o BC retoma o alerta fiscal e reforça o pedido de coordenação entre as políticas monetária e fiscal.

Expectativas para o início do ciclo de cortes

Na visão dos especialistas, as condições para um corte começam a se formar. André Valério projeta que o Copom pode dar início ao ciclo de cortes já na reunião de janeiro, com uma redução de 25 pontos-base.

"Esperamos que nessa reunião a projeção do Copom para o horizonte relevante já indique uma inflação na meta, o que, juntamente com a desaceleração da inflação corrente, maior ancoragem das expectativas e continuidade da desaceleração da atividade criem as condições necessárias", explicou.

Rafael Sueishi ressalta que, mesmo diante desses avanços, o tom geral ainda é de cautela. O Comitê observa que as expectativas de inflação ainda permanecem desancoradas e que o cenário fiscal é bastante incerto, fatores que podem dificultar a convergência.

Por isso, o Banco Central reforça que a Selic deve permanecer em 15% por período bastante prolongado, mas abre espaço para interpretações mais otimistas sobre o início do ciclo de cortes em 2026.