
Numa daquelas declarações que fazem os analistas econômicos levantarem as sobrancelhas, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, soltou o verbo nesta quinta-feira sobre a delicada dança das relações comerciais do Brasil. E olha só quem saiu no centro da pista: a China, de longe nosso parceiro mais assíduo.
"Os Estados Unidos não podem se enganar", disparou Tebet, com aquela franqueza típica de quem já rodou bastante na política. "Nosso maior parceiro comercial é a China, é a Ásia." A frase, dita num evento sobre infraestrutura, ecoou como um lembrete diplomático - daqueles que a gente faz quando quer deixar as coisas claras sem precisar bater na mesa.
Os números não mentem
Pra quem duvida, os dados são categóricos: só no primeiro semestre, o comércio Brasil-China movimentou uma cifra que daria pra comprar uns... bem, muitas sacas de soja. Brincadeiras à parte, a Ásia responde por mais de 40% das exportações brasileiras - um casamento econômico que, convenhamos, não dá pra desfazer com um simples "não combinamos".
E os EUA? Ficam com a medalha de prata, mas com uma diferença considerável. "Temos relações importantes, claro", ponderou Tebet, num tom que lembra aquele amigo que diz "você é importante pra mim, mas...". A mensagem subliminar? O Brasil não vai colocar em risco seu principal negócio por caprichos geopolíticos alheios.
O xadrez geoeconômico
Entre um cafezinho e outro, especialistas ouvidos pelo G1 destacam o timing da fala. Numa época em que Washington e Beijing travam uma guerra fria comercial, o posicionamento brasileiro precisa ser mais preciso que chute de cobra - como diria o torcedor de futebol.
- Exportações para a China: US$ 89,3 bilhões (2024)
- Importações chinesas: US$ 53,1 bilhões
- Saldo comercial: superávit de US$ 36,2 bilhões
"É matemática básica", comentou um economista que prefere não se identificar. "Quando seu maior cliente diz 'pula', você pergunta 'quanto alto?' - desde que não pise no calo do segundo maior, claro."
O recado de Tebet parece mirar especialmente no Congresso americano, que recentemente aprovou medidas que... bem, digamos que não agradaram muito Pequim. O Brasil, nesse tabuleiro, joga com a cautela de quem sabe que tem muito a perder.
E você, o que acha? Será que estamos testemunhando um realinhamento silencioso das alianças econômicas globais? Ou é só o jogo de sempre, com novos personagens? Uma coisa é certa: quando o assunto é comércio exterior, o Brasil parece ter aprendido que falar de boca cheia - mas com elegância - pode valer ouro.