
Parece que o tabuleiro geopolítico está mesmo a aquecer—e não, não falamos do clima. Numa jogada que vai abalar as fundações do mercado energético global, Rússia e China acabam de costurar um acordo monumental para ampliar, e muito, o fornecimento de gás natural para território chinês.
Assinado entre a gigante russa Gazprom e a chinesa PetroChina, o memorando prevê um acréscimo robusto no volume já estratosférico que cruza a fronteira entre os dois países. Não é pouco: estamos a falar de um incremento bilionário em metros cúbicos, gente.
Mas por que agora?
Bom, a pergunta que não quer calar. Com a Europa a virar lentamente as costas ao gás russo—ou a ser forçada a isso—Moscovo não ficou parada. Olhou para Leste, e a China, com sua sede industrial insaciável, abraçou a oportunidade. É quase como uma dança estratégica: um precisa vender, o outro precisa comprar.
E os números? Impressionantes. O gasoduto Força da Sibéria, que já é uma artéria vital no comércio entre os dois, vai bombear ainda mais. A meta é ambiciosa: atingir a capacidade máxima de exportação até, pasmem, 2030. Isso significa segurança energética para Pequim e uma tábua de salvação económica para Moscovo.
E o resto do mundo?
Fica a observar. Este acordo não é só sobre gás—é sobre alianças. É sobre dois pesos-pesados a aproximarem-se ainda mais, num momento em que o Ocidente aplica sanções e tenta isolar Moscovo. A China, claro, sai fortalecida. Garante energia a preço—provavelmente—amigável e consolida uma parceria que vai muito além da commodity.
Não me surpreenderia se, daqui a alguns anos, olharmos para trás e dissermos: foi aqui que o eixo mudou. O mundo multipolar não está a chegar—já chegou. E ele é movido a gás, diplomacia e interesses bem calculados.
Resta saber como é que a Europa e os EUA vão reagir. Por agora, é esperar. E ver o gás fluir.