
Era pra ser um daqueles acordos que deixariam todo mundo feliz — ou pelo menos menos irritado. Mas o comunicado final da reunião dos ministros da Economia do G20 saiu mais morno que café de estação de trem. Nada de menções explícitas às tarifas comerciais que estão deixando o mercado internacional com os nervos à flor da pele.
Parece que ninguém quis botar a mão no vespeiro. Enquanto isso, nos corredores, os representantes trocavam olhares tensos e meias palavras sobre as crescentes barreiras comerciais entre potências econômicas. "É como assistir uma briga de casal num jantar chique — todo mundo finge que não está vendo", comentou um analista que preferiu não se identificar.
O elefante na sala
Os números não mentem: só no último trimestre, as medidas protecionistas aumentaram 23% entre os países do bloco. Mas no papel? Nada. Zero. Silêncio ensurdecedor.
Alguns delegados até tentaram incluir alguma referência velada — aquelas frases diplomáticas que todo mundo entende mas ninguém assume. Não colou. "Quando o assunto é dinheiro, até os mais eloquentes ficam com a língua presa", brincou (sem graça) uma fonte próxima às negociações.
E agora?
O que esperar quando as maiores economias do planeta agem como adolescentes evitando um assunto espinhoso? Especialistas ouvidos são unânimes: essa postura só adia o inevitável. "Ou resolvem isso na mesa de negociação, ou o mercado vai resolver do jeito dele — e ninguém vai gostar do resultado", alerta a economista Marina Rios.
Enquanto isso, os investidores seguem na corda bamba, tentando decifrar entre linhas o que realmente está acontecendo nos bastidores desse silêncio ensurdecedor. Uma coisa é certa: quando o assunto é dinheiro, o que não se diz muitas vezes fala mais alto.