
Parece que a diplomacia brasileira resolveu botar a mão na massa – e não é pouco. As conversas entre Brasil e Estados Unidos, que andavam meio mornaças, ganharam um fôlego surpreendente nos últimos tempos. E olha, a agenda é das mais suculentas.
Dois assuntos, em especial, parecem ter virado a chave nas relações bilaterais: de um lado, os tais minerais críticos, esses tesouros enterrados no subsolo brasileiro que o mundo tecnológico tanto cobiça. Do outro, uma questão espinhosa – o eterno cabo-de-guerra envolvendo as gigantes da tecnologia, as big techs. Duas pontas de um mesmo fio que podem costurar – ou desfazer – uma parceria estratégica.
O Ouro do Século XXI: Nióbio, Terras Raras e Cia.
Os americanos, é claro, estão de olho grande. E quem pode culpá-los? O Brasil não é só país do futebol e do samba, não. É um baú de riquezas minerais que são vitais para a indústria de ponta. Estamos falando de nióbio, lítio, terras raras – nomes que soam como ficção científica, mas que são a base de tudo, desde baterias de carros elétricos até smartphones de última geração.
O governo brasileiro, por sua vez, parece ter acordado para o jogo. A ideia não é só vender matéria-prima, como se fazia no século passado. A conversa agora é outra: como transformar essa vantagem geológica em desenvolvimento industrial de verdade, com tecnologia e empregos por aqui. Um desafio e tanto, convenhamos.
O Elefante na Sala: Regulação das Big Techs
Enquanto isso, na outra ponta da mesa, o clima fica mais… tenso. O Brasil tem se mostrado bastante ativo – alguns diriam até ousado – na discussão sobre a regulação do ambiente digital. Projetos como o PL das Fake News deixaram as grandes empresas de tecnologia com os cabelos em pé.
Os EUA, lar dessas corporações, obviamente acompanham o debate com uma lupa. O que para o Brasil é uma questão de soberania e combate à desinformação, para Washington pode soar como um complicador desnecessário para seus campeões nacionais. Encontrar um meio-termo nessa seara é, digamos, trabalho para sábio.
Uma Dança Diplomática Delicada
O que me chama a atenção é como esses dois temas aparentemente desconexos se entrelaçam. Será que os americanos abrem mão de alguma pressão sobre as big techs em troca de um acesso mais facilitado aos nossos minerais? Ou o Brasil cede um pouco na regulação para garantir investimentos em tecnologia verde? São apostas altíssimas.
O Itamaraty, claro, joga seu jogo. A postura é de que são discussões paralelas, mas todo mundo que acompanha política externa sabe que mesa de negociação é como feira livre: tudo acaba se conectando. A arte está em não deixar transparecer muito.
Uma coisa é certa: o resultado dessas conversas vai ecoar por anos. Pode definir se o Brasil se tornará um mero exportador de commodities do século XXI ou se conseguirá, finalmente, entrar de cabeça na economia do conhecimento. E isso, meus amigos, é muito mais do que um simples acerto comercial.
Resta saber se nossa diplomacia tem fôlego para bancar o jogo duro. Porque do outro lado, os caras jogam para ganhar. Sempre jogaram.