
E finalmente, depois de mais de duas décadas de uma verdadeira montanha-russa diplomática, aconteceu. A Comissão Europeia, nessa quarta-feira (3), soltou o verbo — e o texto final — do aguardado acordo comercial entre o bloco europeu e o Mercosul. Um marco? Sem dúvida. Mas a estrada até aqui foi mais longa que uma novela das nove.
Lá se vão 25 anos desde o início das conversas. Vinte e cinco! Tem gente que nasceu, cresceu e já se formou nesse tempo todo. E o acordo, entre tantas discussões e hesitações, especialmente do lado europeu, ficou praticamente engavetado. Até agora.
O Que Tem Na Gaveta? Os Detalhes do Acordo
O pacotão é robusto, pra não dizer outra coisa. A ideia central é ambiciosa: criar uma das maiores zonas de livre-comércio do planeta. Imagina só — um mercado integrado cobrindo de Lisboa a Buenos Aires, envolvendo cerca de 780 milhões de consumidores. É gente pra caramba.
Do nosso lado, os produtores brasileiros — do agro, principalmente — comemoram. A taxa de importação sobre boa parte das nossas commodities agrícolas deve simplesmente evaporar. Isso significa que produtos como café, suco de laranja, frutas e até mesmo etanol podem ganhar espaço nas prateleiras europeias com muito mais facilidade. Uma vitória e tanto para o setor.
Mas calma lá que não é só festa. Os europeus, sabidamente exigentes, enfiaram cláusulas ambientais que são, digamos, rigorosas. E não é pouco. O texto amarra o cumprimento do Acordo de Paris sobre mudança climática. Na prática, é um compromisso firme com o desmatamento zero e a preservação de biomas cruciais, como a Amazônia e o Pantanal.
E Agora, José? O Que Falta Para Valer
O texto tá na mesa. Mas ele ainda precisa ser traduzido para todas as línguas dos países membros — e olha que são muitas. Só depois dessa maratona linguística é que o documento segue para aprovação definitiva no Parlamento Europeu e no Congresso Nacional de cada país do Mercosul.
É uma corrida contra o tempo. A atual presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, deixa o cargo em novembro. E há um sentimento geral de que, se não for agora, pode ser que o acordo entre naquele famoso limbo político de novo. Ninguém quer isso.
O clima, entre líderes e analistas, é de otimismo cauteloso. É aquela esperança de que, depois de tanta espera, a coisa finalmente desenrole. Mas todo mundo sabe que em política — e principalmente em política internacional — nada é garantido até estar realmente assinado e selado.
O que é inegável é o simbolismo. Mais do que um tratado comercial, é uma ponte. Uma ponte econômica e política conectando duas potências continentais. O mundo todo tá de olho. E o Brasil, claro, no centro dessa jogada.