
O cenário não é nada animador para quem depende do setor calçadista no Sul do país. Aquele papo de "crise que vem por aí" já bateu na porta — e com força. Segundo estimativas alarmantes, cerca de 8 mil trabalhadores podem ficar sem emprego já no próximo ano. E olha que não é exagero.
Parece que a indústria tá nadando contra a correnteza. Os custos de produção subiram mais rápido que inflação de feira livre, enquanto a concorrência internacional — principalmente da Ásia — faz a festa com preços que a gente simplesmente não consegue competir. Resultado? As fábricas estão entre a cruz e a espada.
O que está por trás dessa tempestade perfeita?
Vamos aos fatos, sem rodeios:
- Matéria-prima mais cara que café gourmet
- Energia elétrica com preço de ouro
- Logística que parece loteria — você nunca sabe quando vai chegar
- E o dólar, ah, o dólar... esse não nos ajuda nem um pouco
Não é de hoje que o setor vem dando sinais de cansaço. Mas agora a situação chegou num ponto que até os mais otimistas estão começando a suar frio. "É como tentar apagar incêndio com copo d'água", desabafa um empresário que prefere não se identificar — e você entende o porquê.
E os trabalhadores? Cadê a voz deles nessa história?
Enquanto os números são discutidos em reuniões de diretoria, tem gente que já está contando os centavos. Maria*, operária há 12 anos numa fábrica no Rio Grande do Sul, diz que "o clima na linha de produção tá pior que velório".
*Nome alterado a pedido da entrevistada
"A gente vê as máquinas parando, os pedidos diminuindo... é como assistir seu emprego escorrer pelos dedos", descreve ela, enquanto arruma as ferramentas que podem não precisar mais amanhã.
E não para por aí. Especialistas alertam que o efeito dominó pode ser devastador para cidades que dependem economicamente do setor. Quando uma grande fábrica espirra, todo o comércio local pega pneumonia — e dessa vez o remédio parece estar em falta.
Tem luz no fim do túnel?
Alguns empresários ainda acreditam em soluções — embora ninguém espere milagres. Entre as apostas:
- Incentivos fiscais (mas o governo tá com a corda no pescoço também)
- Maior valor agregado nos produtos (traduzindo: calçados mais caros e sofisticados)
- Parcerias com designers internacionais (se é que eles vão querer jogar no nosso time)
Enquanto isso, o relógio não para. E cada tic-tac parece ecoar como um martelo na vida de milhares de famílias. Será que 2025 vai marcar o início de uma nova era para o setor — ou o fim de uma tradição centenária? Só o tempo — e muito suor — vão dizer.