
Parece que a famosa inflação brasileira deu uma segurada nas rédeas em agosto. Mas calma lá, não é hora de soltar fogos ainda. O IPCA-15, aquele indicador que antecipa como andam os preços, veio mais manso: 0,21% contra os 0,36% de julho. A notícia é boa? É. Mas a gente sabe que o diabo mora nos detalhes.
O que segurou essa onda foi, basicamente, a comida e a energia elétrica dando uma trégua no bolso do consumidor. Alimentação em casa, que pesa horrores no orçamento, recuou 0,12%. A energia elétrica, aquela velha conhecida das contas altas, despencou 3,47%. Um alívio, sem dúvida.
O lado negro da força: os serviços não dão sossego
Agora vem a parte que complica a vida do Bacen. Enquanto uns setores baixam a bola, os serviços — ah, os serviços! — continuam subindo como foguete. Dando um salto de 0,53% em agosto, a categoria já acumula uma alta assustadora de 5,22% no ano. É como tentar segurar um balde furado: você tampa um lado, vaza pelo outro.
Transporte urbano, plano de saúde, recreação... Tudo isso segue com uma inércia danada. A pergunta que não quer calar: quando é que essa pressão vai dar uma trégua? O mercado, que já sonhava com cortes de juros mais agressivos, agora pisa em ovos. A sensação é que a Selic vai ficar onde está por um bom tempo ainda.
E o core inflation? Continua firme e forte
Para piorar a cena, as medidas de inflação subjacente, que olham para o núcleo duro dos preços — aquela parte mais resistente e que tira a volatilidade dos alimentos e energia —, seguem bem comportadas, mas nada tranquilizadoras. É sinal de que a inflação ainda não foi domada de verdade. O Banco Central, coitado, deve estar com os cabelos em pé.
No acumulado de 12 meses, o IPCA-15 ficou em 4,24%, ainda acima do centro da meta (3,5%), mas dentro da tolerância. Parece um número controlado, mas a persistência dos serviços é um sinal amarelo — ou será vermelho? — para os próximos meses.
Resumindo a ópera: a inflação deu uma respirada, mas os serviços insistem em estragar a festa. E o juro básico? Melhor esquecer que ele existe por enquanto. O Copom não vai arriscar uma virada de jogo com esses números nas costas. Paciência é a palavra de ordem.