
O Brasil decidiu jogar pesado no tabuleiro do comércio internacional. Nesta quarta, o Conselho de Ministros aprovou de cara limpa uma medida que promete esquentar as relações com os Estados Unidos - e não, não tem nada a ver com futebol ou carnaval.
O pulo do gato? Levar às barras da OMC (Organização Mundial do Comércio) aquelas tarifas extras que os americanos enfiaram no aço brasileiro. Segundo o vice-presidente Geraldo Alckmin, que também comanda a pasta da Indústria, a decisão foi tomada de forma unânime. Ou seja: nem um ministro ficou em cima do muro.
O que está em jogo?
Desde 2018, os EUA aplicam uma sobretaxa de 25% sobre as importações de aço brasileiro - aquela história de "segurança nacional" que todo mundo sabe que é puro protecionismo disfarçado. O Brasil já tinha conseguido uma vitória parcial na OMC em 2022, mas os ianques continuaram com as tarifas como se nada tivesse acontecido.
E olha que o negócio é sério:
- O setor siderúrgico emprega mais de 150 mil pessoas no país
- As exportações para os EUA caíram quase 60% desde que as tarifas entraram em vigor
- Só em 2023, o prejuízo estimado passa dos US$ 1 bilhão
"É uma questão de princípio", disparou Alckmin, com aquela cara de quem não vai dar o braço a torcer. O governo federal garante que tem provas robustas para apresentar na OMC - documentos que mostrariam como as medidas americanas ferem as regras do comércio internacional.
E agora?
Se a OMC der razão ao Brasil (de novo), os EUA podem ser obrigados a baixar as tarifas ou enfrentar retaliações comerciais. Mas não espere uma solução rápida - esses processos são mais lentos que fila de INSS, podendo levar anos para se resolverem.
Enquanto isso, o Itamaraty já está afiando as garras. Fontes do governo dizem que a estratégia é mostrar como as tarifas americanas prejudicam não só o Brasil, mas todo o sistema multilateral de comércio. "É como jogar xadrez com peças de dominó - um movimento errado e todo mundo se ferra", comentou um diplomata que preferiu não se identificar.
O mercado, é claro, está de olho. Alguns analistas temem que a medida possa acirrar ainda mais as relações comerciais entre os dois países. Outros acreditam que é justamente o contrário - que só com pulso firme o Brasil conseguirá garantir seus interesses no cenário global.
Uma coisa é certa: a briga promete. E dessa vez, o ringue é a OMC.