
Parece que o Brasil está nadando contra a corrente — e não é só uma figura de linguagem. A piscicultura nacional, que vinha surfando numa onda de crescimento nos últimos anos, levou um baita tombo por causa da teimosia americana em negociar tarifas de importação.
Quem trabalha com criação de peixes sabe: quando a maré está contra, até o mais experiente pescador se atrapalha. E a maré, nesse caso, veio com força total. Sem aviso prévio, sem conversa, sem aquela negociação básica que todo mundo espera entre parceiros comerciais.
Números que doem
Só pra você ter ideia do estrago:
- Quase 30% de queda nas exportações no último trimestre
- Prejuízos que já passam da casa dos R$ 150 milhões
- Empregos em risco em pelo menos 5 estados brasileiros
Não é brincadeira. O setor, que empurrava o Brasil pra ser um dos maiores produtores mundiais, agora precisa se reinventar — e rápido.
"A gente virou refém de decisão alheia", desabafa produtor
Conversando com quem tá na linha de frente, a frustração é palpável. "Investimos em tecnologia, em qualidade, em sustentabilidade... e agora isso?", questiona um criador de tilápias de Santa Catarina que prefere não se identificar. Ele não está sozinho nesse barco.
O pior? Ninguém sabe quando — ou se — essa situação vai melhorar. O governo brasileiro tenta negociar, mas Washington parece mais interessado em outras pautas. Enquanto isso, os tanques continuam cheios e os compradores, escassos.
E o consumidor?
Aqui entra a ironia: enquanto os produtores sofrem com preços baixos lá fora, o brasileiro paga caro pelo peixe no mercado. Parece contraditório? É que a logística de redirecionar toda essa produção pro mercado interno não é simples — e acaba encarecendo o produto final.
Resultado: peixe que poderia estar alimentando famílias aqui ou no exterior acaba virando... bem, nem os produtores sabem ao certo. Desperdício num país que precisa tanto de proteína de qualidade.
Será que vai precisar chegar ao ponto de virar notícia de jornal nacional pra alguém tomar uma atitude? A piscicultura brasileira merece mais do que isso.