
Quem diria que um grão pouco glamouroso como o sorgo roubaria a cena neste ano? Em Sorocaba e arredores, os agricultores estão com um sorriso de orelha a orelha — e não é à toa. A safra atual está batendo recordes, deixando até os mais céticos de queixo caído.
"Parece que o sorgo resolveu dar o ar da graça com tudo", brinca João da Silva, produtor de 52 anos que trabalha na região há décadas. Segundo ele, os números falam por si: "A produtividade tá nas alturas, e o mercado? Bem, o mercado tá pagando bem, pra variar".
Números que impressionam
Dados preliminares mostram um aumento de cerca de 30% na produção comparado ao ano passado. E olha que o clima não ajudou tanto assim — teve semana que parecia que São Pedro tinha esquecido onde fica o botão de "chuva".
- Produtividade média: 4,5 toneladas por hectare (antes era 3,2)
- Preço médio pago: R$ 85,00 a saca (ano passado não passava de R$ 65,00)
- Área plantada cresceu 18% na região
Não é milagre, claro. Os produtores investiram pesado em tecnologia — desde sementes melhoradas até monitoramento por satélite. "A gente tá aprendendo que agricultura no século XXI ou é high-tech ou é fracasso", filosofa Maria Oliveira, engenheira agrônoma local.
O que explica o sucesso?
Três fatores se destacam:
- Demanda industrial: Cada vez mais usado na fabricação de ração animal e até biocombustíveis
- Resiliência: O sorgo aguenta melhor secas que outras culturas — e isso vale ouro no clima imprevisível de hoje
- Custo-benefício: Comparado ao milho, o cultivo sai até 40% mais barato
"É aquela velha história", reflete o veterano Antônio Ribeiro, enquanto examina uma espiga com orgulho visível, "quando a vaca tá magra, tem que saber trocar de pasto. O sorgo foi nossa aposta certa desta vez".
Resta saber se o otimismo vai continuar nos próximos meses. O mercado agrícola é como maré — sobe, desce, e às vezes te surpreende quando menos espera. Mas por enquanto, em Sorocaba, o clima é de comemoração.