Café na Alta Mogiana: Seca castiga produção e derruba colheita em 30%
Seca reduz produção de café em 30% na Alta Mogiana

Não foi fácil para os cafeicultores da Alta Mogiana neste ano. Aquele sol escaldante, dia após dia, sem uma gota d'água pra aliviar — parece até que o céu esqueceu como chover. E o resultado? Uma quebra de 30% na produção, um baque e tanto pra quem vive do grão.

"Tem plantação que parece cinza, de tão ressecada", conta João da Silva, produtor de 52 anos que nunca viu coisa parecida. Nem os pés mais velhos — aqueles que já passaram por secas históricas — aguentaram o tranco. As folhas caíam feito dominó, os frutos murchavam antes da hora... tristeza pura.

O que dizem os números

Dados da Cooperativa Regional de Cafeicultores mostram que:

  • A média caiu de 35 sacas por hectare para apenas 25
  • As perdas financeiras ultrapassam R$ 50 milhões na região
  • 20% dos pequenos produtores podem não resistir até a próxima safra

E olha que a Alta Mogiana é conhecida justamente pelo café de altíssima qualidade — aquele que exportador briga pra comprar. Agora, até os compradores tradicionais estão hesitantes. "Quando a quantidade cai, o preço sobe, e o mercado fica com um pé atrás", explica a economista agrícola Maria Fernandes.

Tem solução?

Alguns produtores mais tecnológicos — aqueles que já vinham investindo em irrigação — conseguiram escapar do pior. Mas a maioria? "Ficou à mercê da sorte, e a sorte não veio", diz o técnico agrícola Roberto Almeida. Ele sugere que, da próxima vez, o governo poderia — quem sabe? — avisar com mais antecedência sobre as previsões climáticas.

Enquanto isso, o que resta é torcer para que as chuvas de setembro cheguem com força total. Porque se tem uma coisa que todo mundo na região sabe é: café sem água vira pó, e pó sem valor não paga conta.