Mulheres no Agro: Liderança e Sucessão Familiar em Foco no CXMA Patos de Minas
Mulheres debatem liderança e sucessão no agro

Não foi um evento qualquer. Foi um daqueles dias que fazem a poeira baixar e a gente enxergar o horizonte com outros olhos. O Colmeia Hub de Negócios, em Patos de Minas, ficou pequeno para tanta história boa na última quarta-feira (3). O tema? Bom, era quente e veio para ficar: a força feminina no agro e o quebra-cabeça da sucessão familiar.

Pense num assunto espinhoso. Aquele que todo mundo sabe que existe, mas poucos têm coragem de encarar de frente. A sucessão nas propriedades rurais é tipo dirigir na estrada de terra cheia de buraco: sem jeito certo, cada um se vira como pode. E no meio disso tudo, as mulheres—cada vez mais—estão pegando o volante.

O Agro Não é Mais o Mesmo (E Agradecemos por Isso)

O painel principal botou o dedo na ferida. A mediação foi da Débora Rocha, uma das cabeças do Colmeia, que não deixou a conversa morno. Do lado dela, duas mulheres que entendem do riscado: a produtora rural e empresária Adriana Carvalho e a advogada especialista em direito sucessório, Aline Lacerda.

Elas foram fundo. Não ficaram na superfície dos discursos bonitos. Falaram dos perrengues reais—da dificuldade de ser levada a sério, da luta para equilibrar a vida na porteira com a vida em casa, e do medo danado de ver o trabalho de uma geração inteira ir por água abaixo porque o assunto 'quem fica com o que' foi varrido para debaixo do tapete.

Não é Só Herdar Terra, é Herdar Responsa

Aline Lacerda foi direta: "O maior erro das famílias é achar que sucessão é um tema para ser discutido depois que alguém morre. Tem que ser tratado com todo mundo vivo, sãoando e puto da vida mesmo". Ela explicou que a parte jurídica—o inventário, os impostos, a divisão—é crucial, mas o emocional pesa mais. Briga entre irmão, mágoa antiga, expectativa quebrada... é um caldeirão.

Já Adriana trouxe a vivência prática. Ela contou como, na prática, a mulher do agro muitas vezes já é a gestora de tudo, mas sem o reconhecimento formal. "A gente cuida da planilha, do funcionário, da vacina do bezerro, da compra do adubo e ainda tem que lembrar de tirar o frango do forno. Mas na hora de assinar o documento, some nossa assinatura".

Um Evento que Mostrou a Força que Já Existe

O CXMA—Conexão Mulheres do Agro—já nasceu com esse propósito: criar rede, jogar luz sobre essas guerreiras e trocar figurinhas sobre como avançar. E pelo visto, está dando certo. O auditório lotado, com gente de várias cidades da região, prova que a fome por esse papo é grande.

Foram horas de conversa franca, perguntas incômodas e—por que não?—algumas respostas. Não teve fórmula mágica, não veio com pacote fechado. Teve verdade. E talvez seja justamente isso que o agro precise para não só produzir, mas para evoluir.

No final, ficou claro um sentimento: o futuro do campo passa, inevitavelmente, pelas mãos das mulheres. E elas não estão esperando permissão para construir esse amanhã.