Fruticultores em crise: perda do mercado americano ameaça viabilidade econômica do setor
Crise no setor de frutas com queda nas exportações para EUA

O cenário está feio, e não é pouco. Os produtores de frutas brasileiros — aqueles que há décadas colocam mamão, manga e uva na mesa dos americanos — estão vendo seu negócio desmoronar como castelo de areia na maré alta. E o pior? Ninguém sabe direito como segurar as pontas.

Acontece que os Estados Unidos, nosso maior comprador, estão dando as costas. Seja por concorrência de outros países, mudanças nos hábitos de consumo ou aquela velha história de barreiras sanitárias (que, convenhamos, às vezes parece mais desculpa que razão), o fato é que os contratos estão minguando.

Contas que não fecham

"Estamos no vermelho desde abril", conta João da Silva (nome fictício, porque ninguém quer queimar o filme), dono de um pomar em Petrolina. "O custo do adubo subiu 30%, os defensivos agrícolas estão um absurdo, e agora isso?"

  • Frete internacional: +25% desde 2024
  • Embalagens: +18% no último ano
  • Mão de obra: escassa e mais cara

E o preço que pagam pela caixa de frutas? O mesmo de dois anos atrás. Faz as contas aí...

Efeito dominó

Nas feiras do interior, o clima é de velório. Os pequenos produtores — aqueles que mal têm grana pra pagar a colheita — são os primeiros a sentir o baque. Alguns já estão arrancando pés de uva pra plantar capim. Outros, mais teimosos, seguram a onda vendendo a preço de banana pra supermercados locais.

Mas o problema não para aí. Sem a grana das exportações, toda a cadeia sofre:

  1. Menos demanda por transporte refrigerado
  2. Indústrias de embalagem reduzindo turnos
  3. Até os vendedores de trator tão sentindo o golpe

E pensar que há cinco anos o setor comemorava recordes atrás de recordes. Ironia do destino ou má gestão? Difícil dizer.

Busca por alternativas

Enquanto isso, no ministério da Agricultura, a conversa é outra. Falam em "diversificar mercados", como se fosse trocar de camisa. Europa? Exige certificações caríssimas. Ásia? Logística complicada e concorrência ferrenha.

"Temos qualidade, mas falta estratégia", resmunga uma exportadora que prefere não se identificar. "Enquanto o Chile e o Peru investem em marketing agressivo, a gente fica no feijão-com-arroz."

Será que ainda dá tempo de virar o jogo? Os produtores mais velhos, aqueles que já viram crises piores, dizem que sim — mas com ressalvas. "Ou o governo acorda pra vida, ou vamos virar importadores da própria fruta que criamos", profetiza um agricultor de Juazeiro, entre um gole de café e outro.