A principal entidade representativa do setor agropecuário do país, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), emitiu um alerta contundente sobre os desafios que aguardam os produtores rurais em 2026. O centro da preocupação é o descalabro fiscal do governo Lula, que, segundo a entidade, deve levar a administração federal a buscar novas formas de arrecadação, pressionando ainda mais os contribuintes, incluindo o setor agrícola.
Pressão Fiscal e Ajuste das Contas Públicas
De acordo com a avaliação da CNA, o próximo ano será marcado pela necessidade de um forte ajuste fiscal por parte do governo. Com as contas públicas em situação delicada e em um ano eleitoral, a expectativa da confederação é de que o Planalto opte por aumentar a arrecadação em vez de promover cortes de gastos.
“A CNA aponta que 2026 será um ano desafiador para a economia brasileira, com destaque para a necessidade de ajuste fiscal”, afirmou a entidade. O comunicado segue dizendo que o governo “provavelmente deverá buscar equilíbrio das contas públicas por meio de medidas para ampliar a arrecadação”. A criação de novas bases tributárias é vista como um caminho provável para tentar cumprir as metas fiscais, uma medida que pode sufocar ainda mais a atividade econômica.
Inadimplência Recorde e Problemas Estruturais
Além da pressão fiscal, o setor rural enfrenta uma crise de crédito. A CNA revelou um dado alarmante: em outubro de 2025, a inadimplência do crédito rural com taxas de mercado atingiu 11,4%. Este é o patamar mais alto desde o início da série histórica, em 2011. Para se ter uma ideia da escalada, no mesmo período de 2024 o índice era de 3,54%, e em janeiro de 2023, de apenas 0,59%.
As causas para esse cenário crítico são múltiplas e interligadas:
- Problemas climáticos recorrentes nos últimos anos.
- Queda nos preços das commodities no mercado internacional.
- Aumento significativo nos custos de produção.
- Falta de acesso amplo a seguro rural.
- Política de crédito mais restritiva por parte dos bancos, com juros elevados.
Caminhos para a Recuperação
Diante desse quadro complexo, a CNA defende que a recuperação econômica dos produtores depende da implementação de soluções estruturais. É necessário reduzir a vulnerabilidade tanto financeira quanto climática do setor. A entidade enfatiza a importância de promover previsibilidade, confiança e resiliência para garantir um crescimento sustentável do agronegócio brasileiro.
O setor, que em 2025 deve colher um volume recorde de 336 milhões de toneladas de grãos, conforme dados citados, se vê em uma encruzilhada. De um lado, a produtividade e a capacidade de alimentar o mundo. De outro, uma conjuntura de incertezas políticas, ameaças fiscais e desafios financeiros internos que exigem atenção imediata e diálogo com o poder público.