
Parece contraditório, mas é a pura verdade: o café brasileiro está vendendo menos — e faturando mais. No primeiro semestre deste ano, as exportações do nosso ouro verde registraram uma queda de 12,3% no volume, mas a receita disparou para impressionantes US$ 5,2 bilhões. Um recorde histórico que deixou até os especialistas de queixo caído.
O preço salvou a lavoura
Quem diria que a velha máxima "menos é mais" se aplicaria ao nosso café? Com a cotação internacional nas alturas — literalmente — cada saca valeu ouro. Enquanto em 2024 o preço médio ficou em US$ 240, neste ano saltou para US$ 310. Uma diferença que fez toda a... diferença.
Os números não mentem:
- Janeiro a julho de 2024: 19,5 milhões de sacas
- Mesmo período em 2025: 17,1 milhões de sacas
- Queda de volume: 2,4 milhões de sacas
- Aumento de receita: US$ 800 milhões
O que explica essa montanha-russa de números?
Dois fatores principais entraram em jogo. Primeiro, aquele velho ditado sobre oferta e demanda — com produção menor em países concorrentes como Vietnã e Colômbia, os compradores internacionais tiveram que pagar mais pelo nosso produto. Segundo (e talvez mais importante), o real desvalorizado fez nosso café ficar ainda mais tentador no exterior.
"É como se tivéssemos colocado um desconto gigante para o mercado internacional", brincou um exportador de Minas Gerais, que preferiu não se identificar. "Só que, ironicamente, estamos recebendo mais."
Onde o café brasileiro está fazendo sucesso
Os Estados Unidos continuam sendo o maior comprador — aquela turma do Starbucks não para de tomar café. Mas os países da Europa, especialmente Alemanha e Itália, estão dando um banho nos números. E tem ainda um novo jogador entrando em cena: a China, que aumentou suas compras em 18% comparado ao ano passado.
Os tipos mais cobiçados?
- Café arábica (aquele mais suave) — 80% das exportações
- Robusta (o mais encorpado) — 20% restantes
E tem uma curiosidade: o café especial, aquele que é quase um vinho em forma de grão, está ganhando espaço. Representou 15% do total, contra 12% em 2024. Parece que o mundo está descobrindo que o Brasil não faz só café — faz café bom.
E o futuro?
Os especialistas estão divididos. Alguns acham que o cenário vai continuar favorável, com preços altos compensando eventuais quedas na produção. Outros temem que a redução no volume plantado — sim, os cafeicultores reduziram áreas por causa dos custos — possa apertar o cinto das exportações no médio prazo.
Uma coisa é certa: enquanto o mundo continuar viciado em cafeína, o Brasil vai seguir como um dos principais fornecedores globais. Só que agora, com a carteira mais cheia.