
O cenário para o milho no Brasil está, digamos, mais quente do que um forno a lenha no inverno. E não é para menos. Os produtores, segurando as pontas — e o estoque —, resolveram segurar a oferta, enquanto a procura interna não dá trégua. O resultado? Uma pressão danada nos preços.
Não é nenhuma surpresa, mas parece que aquele velho jogo de oferta e demanda resolveu pregar uma peça no mercado. Com os produtores segurando o milho na esperança de valores melhores — quem pode culpá-los? —, a disponibilidade do grão ficou mais rara que abraço de político em ano eleitoral. E aí, quando a demanda interna está firme e forte, principalmente da pecuária e da indústria de etanol, a conta não fecha.
O que está por trás dessa retenção?
Bom, a coisa não é simples. Os agricultores, espertos como sempre, estão de olho no calendário e no céu. A expectativa por preços mais atraentes lá na frente, somada a uma certa cautela com o clima — que anda mais imprevisível do que o humor de quem pega trânsito —, faz com que segurar o produto pareça a jogada mais inteligente. É uma aposta, claro. Mas no campo, como na vida, às vezes é preciso arriscar.
E do outro lado da moeda, a demanda não para. A criação de animais, especialmente aves e suínos, continua com um apetite voraz por ração. Sem falar na indústria de biocombustíveis, que também puxa uma fatia considerável do bolo. É tanta gente querendo um pedaço que o milho virou o queridinho do momento.
E o consumidor final, como fica nessa história?
Ah, essa é a parte mais delicada. Quando o milho sobe, a onda vai bater lá na ponta. Pode esperar que os preços de uma série de derivados — do frango no supermercado até alguns combustíveis — vão sentir o baque. É um efeito dominó que ninguém gosta de ver.
Especialistas do setor acham que essa volatilidade pode continuar por um tempo. Enquanto o jogo de interesses entre quem produz e quem compra não se equilibrar, o mercado vai ficar nessa gangorra. A esperança é que, com a próxima safra, a situação se normalize. Mas, como bem sabemos, no agronegócio tudo pode mudar com uma chuva no momento certo — ou errado.
Por enquanto, o milho segue como protagonista de uma novela cheia de idas e vindas. E o mercado, claro, de olho aberto.