
O setor apícola brasileiro está com a corda no pescoço — e não é exagero. Com a recente alta nas tarifas de importação, a conta pode ficar salgada: um rombo de US$ 53 milhões, segundo cálculos da Associação Brasileira dos Exportadores de Mel (Abemel).
Não é brincadeira. O que parecia apenas mais um ajuste burocrático virou um pesadelo para quem vive das abelhas. "É como se jogassem um balde de água fria na produção nacional", desabafa Carlos Bastos, presidente da Abemel, enquanto revisa números que não fecham.
O mel encarece, as abelhas não sabem, mas o consumidor sente
Detalhe cruel: enquanto os EUA e Europa fecham torneiras, nossos produtores — muitos deles pequenos — assistem impotentes ao desmonte de anos de trabalho. Só em 2024, as exportações já caíram 28%. E olha que a temporada de floradas mal começou.
- Preço do quilo do mel para exportação despencou 15%
- Estoques se acumulam em armazéns improvisados
- Quase 40 mil famílias em risco financeiro
"Tem apicultor vendendo abaixo do custo só pra não perder tudo", conta Maria Ferreira, técnica agrícola do interior da Bahia. Ela conhece cada colmeia da região — e cada história de luta por trás delas.
Efeito dominó: do campo ao supermercado
O pior? Isso tudo vai pingar no seu café da manhã. Especialistas preveem alta de até 22% nas prateleiras até o fim do ano. Enquanto isso, o mel falsificado — aquele "mel de mentirinha" — esfrega as mãos com a crise alheia.
"É um tiro no pé", avalia o economista Luís Tavares. "Perdemos mercado externo e estrangulamos o interno. No fim, quem paga é sempre o mesmo: o consumidor e o pequeno produtor."
O Ministério da Agricultura promete "analisar medidas", mas os apicultores já começaram a contar as abelhas — e os dias até a próxima tempestade tarifária.