
Parece que o governo resolveu botar o dedo na ferida — e como dói. Na última semana, o anúncio de medidas para frear o chamado "tarifaço" deixou o setor exportador brasileiro entre a cruz e a espada. Se por um lado há alívio com a promessa de desburocratização, por outro, as regras do jogo ainda parecem escritas com letras miúdas.
O Queijo e a Goiabada
"É como se oferecessem um almoço grátis, mas esquecessem de avisar que o garçom cobra 30% de serviço", brinca um empresário do ramo de soja, que prefere não se identificar. A analogia, embora bem-humorada, reflete o clima de incerteza que ronda os armazéns portuários de Santos a Paranaguá.
As principais dúvidas giram em torno de três pontos-chave:
- Critérios para enquadramento nos benefícios (que mudaram sem aviso prévio, como de costume)
- Prazos de validade das isenções (ninguém quer investir em algo que pode virar pó em seis meses)
- O famoso "custo Brasil" — aquele abacaxi que insiste em aparecer quando menos se espera
Entre a Pá e a Enxada
Enquanto os técnicos do Ministério da Economia garantem que "tudo está sob controle", os exportadores fazem contas no papel de pão. Um dado preocupante: quase 40% das pequenas e médias empresas do setor ainda não conseguiram acessar o sistema de solicitação — que, diga-se de passagem, travou mais que aplicativo de banco em dia de pagamento.
"Já perdemos dois contratos por conta dessa insegurança jurídica", desabafa a diretora de uma trading de café em Minas Gerais. Ela não está sozinha. O sentimento geral é de que, mais uma vez, o diabo está nos detalhes — e que alguém esqueceu o manual de instruções.
O Jogo dos Sete Erros
Especialistas apontam três possíveis cenários para os próximos meses:
- Se a burocracia não afrouxar, pode haver migração para mercados alternativos (e aí, meu amigo, o prejuízo é certo)
- Caso as regras fiquem claras até outubro, o setor pode respirar aliviado — mas sem festa
- Na pior das hipóteses, veremos uma queda de 15% nas exportações do agronegócio no primeiro trimestre de 2025
Enquanto isso, nos bastidores, correm rumores de que alguns grandes players já estariam remarcando embarques "só por precaução". Afinal, como diz o ditado: "Contra fatos não há argumentos, mas contra burocracia..." — bem, você completou a frase.