
Parece contraditório, mas é a realidade: Uberlândia levou um tombo no Ranking ABES de Saneamento, caindo da 34ª para a 40ª posição. Mas calma — antes que o pânico se instale, há um detalhe crucial. Apesar da queda, o município segue investindo mais do que o dobro do mínimo recomendado pelo Plano Nacional de Saneamento Básico.
"É como se você tirasse nota 7 numa prova onde a média da turma foi 4", explica um técnico da prefeitura que prefere não se identificar. O paradoxo? Enquanto outras cidades avançaram a passos largos, Uberlândia — que já estava na frente — manteve seu ritmo. Resultado: foi ultrapassada.
Números que surpreendem
Os R$ 156 milhões aplicados em 2024 equivalem a:
- 2,3 vezes o valor mínimo exigido
- Quase R$ 300 por habitante
- 12% do orçamento municipal
Mas então por que a queda? Aí é que está o pulo do gato. O ranking não mede apenas investimento — avalia 13 indicadores, desde tratamento de esgoto até perdas na distribuição. E em alguns desses itens, a cidade patinou.
Onde a corda arrebentou
Dois problemas se destacam:
- Perdas de água: 33% do líquido desaparece na rede — acima da média nacional
- Esgoto tratado: 82% é bom, mas ficou estagnado enquanto outros municípios avançaram
"Temos desafios específicos por causa do crescimento desordenado nas periferias", admite o secretário municipal de Obras, em tom mais confessional do que burocrático. A boa notícia? Os investimentos continuam robustos — e os frutos devem aparecer nos próximos anos.
Enquanto isso, os moradores fazem suas contas. "Água não falta, mas a conta dói", reclama Dona Marta, dona de uma lanchonete no bairro Tibery. Ela tem razão: as tarifas aqui estão entre as 20% mais altas do país. Será o preço do progresso?