Lojistas de Olinda recebem ordem de despejo e temem futuro incerto: 'Sem rumo e sem alternativas'
Lojistas de Olinda recebem ordem de despejo sem alternativas

Era pra ser mais uma quinta-feira comum no Mercado da Ribeira, coração pulsante do comércio popular de Olinda. Mas o que chegou junto com o sol foi um baque: um comunicado da prefeitura ordenando a desocupação imediata do local. "Parecia um daqueles filmes de desastre, sabe? Só que era real", desabafa Maria do Carmo, 54 anos, que vende artesanato há mais de duas décadas no mesmo ponto.

O que mais assusta não é nem a mudança em si — afinal, ninguém é contra melhorias — mas o vácuo de informações. Para onde ir? Como reorganizar a vida? Perguntas que ficam rodando na cabeça dos 87 comerciantes afetados, muitos deles com famílias inteiras dependendo daquela renda.

O aviso veio, as explicações não

Segundo fontes da administração municipal, a medida faz parte de um projeto de revitalização da área. Lindo no papel, mas na prática... Bem, na prática lembra aquela receita de bolo sem farinha: tem tudo, menos o principal.

  • Nenhum local alternativo oferecido
  • Prazo exíguo de 15 dias (e olhe lá)
  • Indenização? Só promessas vagas

"A gente vira noite pensando no amanhã", conta José Roberto, que mantém uma banca de frutas há 11 anos. O tom de voz dele oscila entre revolta e desespero — e quem pode julgar?

O outro lado da moeda

A prefeitura, por sua vez, alega questões de segurança e ordenamento urbano. Dizem que o local precisa de intervenções estruturais urgentes. Justo. Mas cadê o diálogo? O plano B? Parece aquela história de "quebrar o ovo pra fazer omelete", só que esqueceram de avisar que não tem frigideira.

Especialistas em desenvolvimento urbano ouvidos pela reportagem são taxativos: "Realocações precisam ser planejadas com meses de antecedência, não às pressas". Algo que, convenhamos, faz todo o sentido — menos, aparentemente, para quem decide essas coisas.

Enquanto isso, na Ribeira, o clima é de velório. Caixas sendo empacotadas sem destino certo, clientes fiéis se despedindo, e aquela pergunta que não quer calar: até quando o pequeno comerciante vai ser tratado como obstáculo, não como parte da solução?