Jetons em SC: Como esses 'bônus' drenaram R$ 15 milhões dos cofres públicos em apenas um ano
Jetons drenam R$ 15 milhões dos cofres públicos em SC

Imagine uma máquina de dinheiro que, em plena luz do dia, suga recursos públicos como se fossem balinhas de um pote transparente. Foi exatamente isso que aconteceu em Santa Catarina nos últimos 12 meses — e o pior: tudo dentro da lei (ou quase).

O que diabos são jetons?

Não, não estamos falando daquelas fichas de cassino. Na linguagem burocrática, jetons são remunerações extras pagas a servidores públicos por participação em conselhos, comitês e outras reuniões. Parece inocente, né? Mas espere até ver os números.

Segundo levantamentos que nos chegaram — e que derrubariam qualquer xícara de café —, esses pagamentos ultrapassaram R$ 15 milhões em um único ano. Isso daria para construir três escolas ou comprar 30 ambulâncias zero quilômetro. Mas preferiram encharcar o bolso de alguns poucos.

Os campeões do jeton

Alguns sortudos (ou espertos, depende do ponto de vista) conseguiram embolsar verdadeiras fortunas:

  • Um único servidor acumulou R$ 187 mil em jetons — quase três salários mínimos por mês só em extras
  • Conselhos que nunca ninguém ouviu falar pagavam até R$ 1.500 por reunião
  • Tinha até caso de gente recebendo por duas reuniões no mesmo horário — deve ter descoberto como se clonar

E o pior? Como diz aquele ditado: "Quando a esmola é demais, o santo desconfia". Alguns desses conselhos se reuniam pouquíssimas vezes, mas os pagamentos eram mensais. Conveniente, não?

A dança das justificativas

Quando questionados, os responsáveis saíram com explicações que dariam roteiro para novela:

  1. "É compensação por trabalho extra" — mas ninguém mostrou o trabalho
  2. "São valores tradicionais" — tradição de gastar, pelo visto
  3. "Está tudo dentro da lei" — essa é clássica

Um vereador que preferiu não se identificar — surpresa! — soltou a pérola: "Se não pagarmos bem, os bons profissionais vão para a iniciativa privada". Só esqueceu de mencionar que muitos desses "bons profissionais" são... políticos.

E o controle? Cadê?

Aqui a coisa fica ainda mais suja. Os órgãos de fiscalização — aqueles que deveriam evitar esse tipo de farra — também estavam na fila do jeton. É o famoso "eu te cubro, você me cobre".

E enquanto isso, na vida real, hospitais continuam sem medicamentos e escolas sem merenda. Mas pelo menos as atas das reuniões — aquelas que justificam os jetons — estão todas bonitinhas e assinadas. Alguém aí acredita em coincidência?