Infraestrutura não é política de governo, mas de Estado, afirma Felício Ramuth em debate crucial
Infraestrutura é política de Estado, não de governo, diz Ramuth

Numa discussão que poderia muito bem definir os rumos do país nos próximos anos, Felício Ramuth, um nome respeitado no meio da engenharia e do planejamento urbano, soltou a frase que ecoou como um alerta: "Infraestrutura não é política de governo, é política de Estado." E não, isso não é apenas um jogo de palavras – é a diferença entre construir pontes que duram décadas e tapar buracos que reaparecem na próxima chuva.

Num cenário onde projetos são abandonados a cada troca de gestão, Ramuth – que já viu governos de todos os espectros políticos – defende que o Brasil precisa urgentemente de um plano de infraestrutura desvinculado de ciclos eleitorais. "Quando um governo enterra um projeto do anterior, quem paga o pato é o cidadão", dispara, com a franqueza de quem já perdeu a conta de quantas vezes viu isso acontecer.

O X da questão: por que nada avança?

Você já parou pra pensar por que aquela obra parada na sua cidade simplesmente não sai do papel? A resposta, segundo Ramuth, é mais simples (e mais triste) do que parece: falta de continuidade. Enquanto países sérios tratam infraestrutura como prioridade nacional – algo que transcende partidos –, aqui ainda rola aquela velha mentalidade de "começar do zero" a cada nova administração.

E os números? Bem, eles falam por si:

  • Mais de 60% dos projetos de infraestrutura sofrem atrasos significativos
  • Cerca de 30% são abandonados após mudanças de governo
  • O prejuízo anual chega a bilhões – dinheiro que poderia estar sendo investido em saúde e educação

O caminho das pedras (ou melhor, do concreto)

Mas não é só reclamar, certo? Ramuth aponta soluções práticas que, convenhamos, fazem todo o sentido:

  1. Planejamento multidecenal – projetos que ultrapassem mandatos
  2. Conselhos técnicos independentes – menos política, mais engenharia
  3. Metas claras e fiscalização social – porque obra parada todo mundo vê

E aqui vai um dado que dá o que pensar: países que adotaram esse modelo – como Canadá e Alemanha – reduziram em até 40% os custos com infraestrutura. "É matemática pura", brinca Ramuth, "mas parece que alguns preferem reinventar a roda a cada quatro anos."

No final das contas, a mensagem é clara: enquanto tratarmos estradas, portos e ferrovias como moeda de troca política, continuaremos patinando. E você, acha que o Brasil está pronto para essa virada de chave? Porque uma coisa é certa – o trem (ou melhor, o metrô) não pode esperar.