Há três meses, a concessionária Águas do Pará assumiu o serviço de abastecimento de água e esgotamento sanitário em Belém, Ananindeua e Marituba. Desde então, uma onda de reclamações tomou conta dos moradores, que enfrentam interrupções constantes no fornecimento e problemas com a qualidade da água que chega às torneiras.
Investimentos e obras em sistema antigo
Em entrevista, o diretor-presidente da Águas do Pará, André Facó, explicou os desafios. Segundo ele, o sistema que atende a região metropolitana de Belém é antigo, com estações de tratamento e cerca de 115 poços com idade entre 30 e 40 anos.
Para enfrentar o problema, a empresa iniciou, logo após a entrada em operação em 1º de setembro, um pacote de investimentos de R$ 220 milhões. As ações incluem a reforma de 32 poços e a substituição de filtros nas estações de tratamento de São Brás e do Quinto Setor. A estação do Bolonha, a maior do sistema, passou por melhorias na parte elétrica.
"Primeiro, pensando em aumentar a produção de água e garantir mais oferta e qualidade para a população", afirmou Facó, comparando o processo à reforma de uma casa.
Falta de aviso e água de má qualidade são principais queixas
As reclamações dos consumidores, no entanto, vão além das interrupções. A falta de comunicação prévia é uma das maiores críticas, pois impede que as pessoas armazenem água antes do corte. Facó reconhece que, enquanto algumas paradas são programadas e comunicadas, outras são emergenciais devido à idade do sistema.
Um exemplo ocorreu no dia 4 de dezembro, na travessa Pernambuco, próximo à Batista Campos. Uma queda de energia causou avarias em equipamentos, gerando impacto no abastecimento de bairros como Campinas, parte do Reduto e do Comércio. Só nas primeiras duas semanas de dezembro, intervenções afetaram setores que abrangem bairros como Campina, Cidade Velha, Nazaré e Batista Campos.
Um monitoramento feito em 48 horas pelo programa Bom Dia Pará identificou reclamações de falta de água ou baixa pressão em pelo menos 20 bairros de Belém.
Além da falta, a qualidade da água preocupa. Um morador do Tenoné relatou que a água amarela mancha roupas brancas, enferruja máquinas de lavar e, em alguns momentos, não pode ser usada para cozinhar, obrigando a família a comprar água mineral.
Concessionária promete melhorias e atendimento 24h
Sobre a água suja, Facó explicou que a água subterrânea do Pará é naturalmente rica em ferro. Para resolver o problema, a empresa está implantando novos filtros com minerais específicos (filtros eólitas) nas estações para remover o excesso de ferro. Ele garante que a água fornecida é potável e atende aos requisitos do Ministério da Saúde.
Para o período das festas de fim de ano, a concessionária afirma que o atendimento funcionará normalmente, com equipes de plantão 24 horas por dia, todos os dias. O contato pode ser feito pelo telefone 0800 0191 0091, pelas redes sociais ou pelo aplicativo Águas App.
A antecipação da operação da Águas do Pará em Belém, Ananindeua e Marituba ocorreu após um pedido do Governo do Estado. Originalmente, a concessão para 99 municípios, vencida pelo grupo Aegea em leilão em abril, só começaria em 2026.