
Não é exagero dizer que Cuiabá virou um gigantesco forno a céu aberto. O termômetro disparou de uma forma tão brutal que a Prefeitura precisou tomar uma decisão drástica — e necessária — para proteger quem mantém a cidade limpa.
A partir desta segunda-feira (1º), os garis da capital mato-grossense terão sua jornada de trabalho reduzida em uma hora. Sim, você leu certo. O sol está tão impiedoso que trabalhar ao ar livre se tornou uma tarefa perigosa, quase insuportável.
E não é para menos. A sensação térmica beira o inacreditável, passando dos 45°C com uma facilidade assustadora. Imagina carregar lixo, varrer ruas e lidar com o refugo da cidade sob um calor desses? É, no mínimo, desumano.
Medida Emergencial — Mas Será Suficiente?
A redução, anunciada pela Secretaria Municipal de Serviços Urbanos, vale inicialmente até o próximo dia 15 de setembro. Mas todo mundo sabe que calor assim não obedece a calendário. A ordem agora é clara: começar mais cedo, às 6h da manhã, e encerrar às 10h. Uma tentativa de fugir do pico do sol, que nessa época do ano parece não dar trégua.
— A saúde dos nossos trabalhadores vem em primeiro lugar — justificou a pasta, em nota. E faz sentido. Afinal, ninguém merece passar mal só porque está fazendo seu trabalho.
Mas a pergunta que fica é: uma hora a menos será o bastante? Alguns moradores torcem o nariz. “Deviam fornecer ainda mais água, protetor solar e até roupas com proteção UV”, comentou uma cuiabana nas redes sociais. E ela tem um ponto.
Além do Óbvio: O que Mais Precisa Ser Feito?
É claro que a medida é bem-vinda — um alívio imediato para centenas de trabalhadores que suam a camisa (literalmente) para que a cidade não pare. Mas especialistas em medicina do trabalho alertam que, em condições extremas como as de Cuiabá, apenas reduzir a jornada pode não ser suficiente.
- Intervalos mais frequentes em ambientes frescos
- Distribuição obrigatória de água gelada e isotônicos
- Uso de equipamentos de proteção individual adaptados ao calor
- Monitoramento contínuo de sinais de exaustão e insolação
São medidas que, se implementadas, poderiam salvar vidas — ou pelo menos evitar que alguém desmaie no asfalto quente.
E enquanto isso, o clima segue castigando. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu alerta de perigo potencial para toda a região. Traduzindo: calor extremo, baixa umidade e risco real à saúde. Um cenário que, infelizmente, tende a se repetir com cada vez mais frequência.
Será que outras cidades do Centro-Oeste vão seguir o exemplo? Por enquanto, Cuiabá sai na frente — ainda que por obrigação meteorológica. O que importa, no fim das contas, é que alguém está olhando por quem mais sofre com o termômetro nas alturas.