
Imagine a cena: mais de 110 canteiros de obras abandonados espalhados pela Paraíba, onde deveriam estar funcionando creches para atender crianças carentes. Pois é, o Tribunal de Contas do Estado (TCE-PB) escancarou essa realidade vergonhosa em seu último levantamento.
Não é de hoje que a educação infantil sofre com a má gestão pública — mas a dimensão do problema choca até quem já está acostumado com notícias ruins. Segundo os auditores, algumas dessas obras estão paradas há anos, virando verdadeiros 'elefantes brancos' que consomem recursos sem entregar resultados.
O que o TCE descobriu?
O relatório é um verdadeiro tapa na cara:
- 110 creches com obras completamente paralisadas
- Municípios que receberam verba federal e não concluíram as construções
- Algumas obras começaram em 2015 e seguem inacabadas (sim, você leu direito)
E o pior? Enquanto isso, milhares de crianças ficam sem vaga em creches — aquelas que deveriam ser o primeiro degrau na escada da educação. Algumas mães, sem opção, precisam deixar os filhos com vizinhos ou até levar para o trabalho.
O jogo de empurra-empurra
Como sempre, ninguém assume a responsabilidade. Os prefeitos culpam a falta de repasses, o governo estadual diz que é competência municipal, e as crianças... bem, essas continuam esperando.
"É um descaso que beira o crime", afirma um auditor que preferiu não se identificar. "Ver recursos públicos literalmente apodrecendo em obras abandonadas enquanto famílias precisam se virar nos 30 para conseguir uma vaga... é de cortar o coração."
Alguns casos são particularmente escandalosos:
- Em Campina Grande, três creches estão paradas desde 2018
- Em João Pessoa, uma obra recebeu R$ 1,2 milhão e nunca foi concluída
- No sertão, municípios alegam dificuldades para contratar empresas
E agora?
O TCE já determinou que os gestores apresentem planos de ação — mas sabe como é, né? Entre o papel e a prática existe um abismo. Enquanto isso, as comunidades afetadas seguem cobrando soluções.
Uma mãe solteira de Bayeux me contou, com voz cansada: "Todo ano prometem que vai ficar pronto. Meu filho já tem 4 anos e perdeu a chance de estudar ali". Difícil não se emocionar.
Será que em 2025 — quando essas creches finalmente ficarem prontas — ainda haverá crianças para ocupá-las? Ou será que elas já terão crescido sem acesso à educação infantil que lhes era de direito?