
Numa cena que misturava poeira, fé e resiliência, o Patriarca de Jerusalém pisou nos escombros da Igreja Ortodoxa Grega em Gaza nesta quinta-feira. O local — que sobreviveu a séculos de turbulências — não escapou ileso do mais recente capítulo deste conflito que parece não ter fim.
"É como ver um avô ferido", comentou um morador local, enquanto observava o religioso examinar rachaduras nas paredes centenárias. Os vitrais, que antes coloriam os cultos matinais, agora jazem em fragmentos pelo chão.
O que aconteceu?
Na madrugada anterior, um estrondo acordou o bairro. O ataque israelense — que teria como alvo militantes do Hamas nas proximidades — atingiu em cheio o complexo religioso. E não foi o primeiro: desde outubro do ano passado, pelo menos cinco templos cristãos na região foram danificados.
O Patriarca Theophilos III não escondeu a comoção:
"Estamos aqui para chorar com quem chora, mas também para plantar esperança onde alguns tentam semear destruição"
Repercussão internacional
- A Santa Sé emitiu nota condenando "ataques a locais de culto de qualquer religião"
- O governo grego classificou o incidente como "profanação intolerável"
- Já Israel afirma que investigará "possíveis danos colaterais"
Enquanto isso, naquele pedaço de Gaza, fiéis recolhiam pedaços de afrescos entre os destroços. Um deles, de cerca de 60 anos, me contou que lembrava de brincar naquele pátio quando criança — "antes de todas essas guerras". Dá pra imaginar?
E assim segue o paradoxo: num lugar onde até as paredes sagradas não estão a salvo, a fé teima em resistir. Mas até quando?