Quem diria, hein? Em plena era do funk e do sertanejo universitário, os louvores gospel estão fazendo a festa — e como! — nas plataformas de streaming. Não é exagero dizer que 2025 ficará marcado como o ano em que a música religiosa deixou de ser nicho para virar mainstream.
Os números não mentem: pela primeira vez na história, três canções gospel entraram simultaneamente no Top 200 global do Spotify. Uma delas, pasmem, ficou 11 semanas consecutivas entre as 50 mais tocadas. Algo impensável há cinco anos.
O segredo por trás do fenômeno
Não foi por acaso, claro. Alguns fatores explicam essa ascensão meteórica:
- Produção impecável — Os arranjos atuais nada têm a ver com aqueles teclados antigos que lembravam velhos cultos
- Cantores carismáticos — Artistas como Marcos Freire e Gabriela Rocha trouxeram uma pegada jovem e contemporânea
- Eventos megaproduzidos — Os cultos de louvor viraram verdadeiros shows, com direito a pirotecnia e coreografias
Mas tem mais. Muito mais. A pandemia, aquela velha conhecida, deixou cicatrizes — e uma sede por mensagens de esperança. "As pessoas estão cansadas de ouvir só sobre problemas", analisa a produtora musical Renata Bastos, enquanto ajusta os óculos. "O gospel oferece conforto numa época difícil."
Geração Z na jogada
Eis uma revolução dentro da revolução: os jovens estão liderando essa mudança. Dados do YouTube mostram que 62% dos ouvintes de gospel têm entre 18 e 34 anos. "Minha avó ficou chocada quando me viu cantando louvores no carro", ri o estudante Lucas, 19. "Pra ela, isso era coisa de senhora de igreja."
As redes sociais, claro, são o motor disso tudo. Os "reels" de louvor viralizam com facilidade, muitas vezes sem que o público sequer perceba tratar-se de música religiosa. "A melodia pega, a letra é positiva, e pronto — está feito o hit", explica o maestro Carlos Eduardo, entre um gole de café e outro.
Resta saber: será moda passageira ou veio pra ficar? Se depender dos fãs — cada vez mais numerosos e fervorosos —, o gospel veio mesmo para ocupar seu lugar ao sol. E olha que, convenhamos, ninguém viu essa chegada com tanta força.
