
A notícia chegou como um baque para fãs ao redor do globo. Richard Davies — ou simplesmente Rick, para os que cresceram embalados por seus teclados — partiu. Aos 81 anos, o coração do cofundador e vocalista do Supertramp simplesmente parou, calando para sempre uma das vozes mais distintivas da era de ouro do rock.
Não foi apenas uma morte. Foi o fim de uma era. Imagine só: aquele homem por trás de hinos como "The Logical Song" e "Give a Little Bit", músicas que embalaram gerações inteiras, simplesmente não está mais entre nós. A banda confirmou a partida com um comunicado sóbrio e emocionado, postado nas redes sociais — um golpe duro para quem ainda esperava, quem sabe, um último ato.
O Legado de um Gênio Discreto
Davies nunca foi do tipo que buscava os holofotes. Enquanto outros se perdiam no excesso do rock star, ele era a mente por trás da operação. Junto com Roger Hodgson, formou uma das duplas criativas mais brilhantes — e por vezes conturbadas — da história. Eles eram yin e yang: Hodgson, o idealista; Davies, o pé-no-chão. Juntos, criaram álbuns que são, até hoje, aulas de composição.
Quem não se lembra de Crime of the Century (1974)? Aquele começo de saxofone em "Bloody Well Right" era pura genialidade. Ou o colossal Breakfast in America (1979), que explodiu nas rádios e garantiu o estrelato mundial? Davies era a espinha dorsal sonora daquilo tudo.
Uma Jornada Marcada por Altos e Baixos
A história do Supertramp, claro, não foi um mar de rosas. As tensões criativas entre Davies e Hodgson eram lendárias — e, no fim das contas, insustentáveis. A saída de Hodgson no auge, em 1983, poderia ter sido o fim. Mas Rick, teimoso e dedicado, manteve a banda viva por décadas, navegando por águas turbulentas e lançando material novo mesmo quando a cena mudou completamente.
Ele enfrentou até um câncer — diagnosticado em 2015 — com uma discrição típica de sua personalidade. Afastou-se dos palcos, tratou-se em silêncio, e só voltou a tocar quando realmente se sentiu pronto. Uma determinação quieta que sempre definiu sua carreira.
O que fica? Ora, fica a música. Aquela que não envelhece, não sai de moda e continua a encontrar novos ouvidos. Rick Davies pode ter ido, mas sua arte — complexa, cativante e profundamente humana — permanece. E, cá entre nós, é isso que realmente importa.