Quem diria que uma simples caixa de metal enterrada há mais de um século poderia nos transportar diretamente para o passado? Pois foi exatamente isso que aconteceu em Santos, onde trabalhadores da Enel desenterraram uma cápsula do tempo que guardava um tesouro jornalístico de valor incalculável.
Lá estava, cuidadosamente preservada, uma edição do jornal A Tribuna datada de 9 de setembro de 1921 - exatamente 104 anos antes de ser redescoberta. Uma coincidência temporal que arrepia, não?
O Mundo em 1921 Pelas Páginas do Jornal
Folhear essas páginas amareladas pelo tempo é como abrir uma janela para um Brasil completamente diferente. As manchetes gritam sobre assuntos que, pasmem, ainda hoje nos preocupam:
- O eterno drama da valorização do café - que ainda hoje move parte de nossa economia
- Problemas de abastecimento de água na região - uma questão surpreendentemente atual
- O sempre presente debate sobre impostos municipais - alguns temas realmente nunca mudam
E não para por aí! A edição traz até mesmo uma pitada de internacional, com menções à Liga das Nações, aquela organização que antecedeu a ONU e tentava (com dificuldades) manter a paz mundial.
Uma Viagem no Tempo para Santos
Imagino o cidadão santista de 1921 lendo essas notícias enquanto tomava seu café da manhã. Será que ele imaginaria que, mais de um século depois, estaríamos aqui analisando seu jornal matinal?
Os detalhes são fascinantes: anúncios de produtos que já não existem, preços que hoje parecem piada (um litro de leite por alguns centavos!), e preocupações cotidianas que mostram como, no fundo, somos todos humanos independentemente da época.
E pensar que essa cápsula foi enterrada durante as obras do então novo prédio da Light - empresa que décadas depois viria a se tornar a Enel. A história realmente se repete, mas com nomes diferentes.
Por que Isso Importa Hoje?
Além do óbvio valor histórico, essa descoberta nos faz refletir sobre nossa própria relação com o tempo. O que nós estaríamos colocando numa cápsula do tempo hoje? Quais notícias representariam nossa era para as gerações futuras?
Os responsáveis pela descoberta garantiram que o jornal foi devidamente encaminhado para preservação - felizmente, nem tudo vira pó com o passar dos anos. Quem sabe daqui a mais 100 anos alguém desenterre nossas notícias e se surpreenda com o que consideramos importante?
Uma coisa é certa: algumas preocupações humanas são verdadeiramente atemporais. E isso, de alguma forma, é até reconfortante.
