
Quem diria que, escondidas nas beiradas do sertão e nos cantos mais antigos das cidades, existem histórias capazes de fazer até o mais cético dos leitores arrepiar? A autora Mariana Torres — uma caçadora de causos com mais de duas décadas de estrada — resolveu garimpar essas pérolas esquecidas.
"É como encontrar um baú cheio de ouro no quintal de casa", diz ela, com aquela empolgação contagiante de quem descobriu um segredo bem guardado. O livro — que já nasce como um tesouro cultural — reúne narrativas que circulam há gerações, mas que nunca ganharam os holofotes.
Do oral para o papel
O trabalho foi minucioso. Mariana percorreu feiras livres, botecos escondidos e casas de farinha, sempre de ouvidos atentos. "Algumas histórias me foram contadas por senhoras de mais de 90 anos — verdadeiras guardiãs da nossa memória", revela.
Entre os causos, tem de tudo: assombrações que rondam casarões abandonados, seres encantados que protegem rios e matas, até pactos misteriosos feitos nas noites de lua cheia. Coisa pra fazer o cabelo da nuca em pé!
Por que essas histórias importam?
Num mundo cada vez mais digitalizado, resgatar essas narrativas é como plantar uma árvore num deserto. Elas carregam não só entretenimento, mas identidade, sabedoria popular e — pasmem — até lições de vida que fariam muitos livros de autoajuda corar de vergonha.
"Tem uma história em particular", conta Mariana, baixando o tom de voz como se temesse ser ouvida, "sobre um pescador que fez um trato com... bom, melhor ler no livro". Suspense à la nordestina!
O lançamento promete agitar o cenário cultural local. E quem sabe não inspira outros pesquisadores a garimparem nossas riquezas imateriais? Afinal, como diz o ditado popular: "quem conta um conto, aumenta um ponto" — e nesse caso, todos saem ganhando.