
Não foi só mais um evento cultural. A FLIParacatu, em sua terceira edição, botou o dedo na ferida de um assunto que tá tirando o sono de muita gente: a crescente desumanização da nossa sociedade. E quem foi chamado pra esse embate? Ninguém menos que pesos-pesados do jornalismo e da cultura nacional.
Miriam Leitão, com aquela sagacidade que a gente já conhece, não fez rodeios. Ela defendeu, com unhas e dentes, que a literatura é muito mais que entretenimento – é uma arma poderosa contra o apagamento da nossa humanidade. "Num mundo que valoriza cada vez mais números e algoritmos," disparou, "a narrativa literária nos lembra do que realmente importa: a complexidade, a beleza e, às vezes, a tragédia da experiência humana." Faz todo o sentido, não?
O Pano de Fundo Perfeito
E não poderia ter cenário melhor. Paracatu, com seu centro histórico que é um verdadeiro livro de pedra aberto, ofereceu o ambiente ideal para essas reflexões. Casarões coloniais, ruas de paralelepípedo – tudo testemunhou conversas que iam muito além das páginas dos livros.
Sérgio Abranches, outro gigante do pensamento crítico, trouxe uma camada a mais de profundidade. Ele conectou os pontos entre a crise democrática, a polarização que não dá trégua e o papel crucial da produção cultural como antídoto. Pra ele, a literatura é esse espaço vital onde a nuance sobrevive, onde o preto no branco dá lugar a infinitos tons de cinza.
Zeca Camargo e a Narrativa como Ponte
Zeca Camargo, com a experiência de quem já viu o mundo inteiro, trouxe uma perspectiva fascinante. Ele falou do poder das histórias como pontes – entre culturas, entre visões de mundo radicalmente diferentes, entre o eu e o outro. Num momento de tanta fragmentação, essa ideia ressoou com uma força tremenda entre o público.
O clima? Era de uma cumplicidade rara. Autor e leitor, jornalista e cidadão – todos pareciam unidos por uma certeza: a de que precisamos, urgentemente, reafirmar o que nos torna humanos. E a literatura, nessa equação, não é um luxo, mas uma necessidade básica.
A terceira FLIParacatu, meus caros, foi muito mais que um festival. Foi um manifesto. Uma declaração de amor à palavra, ao diálogo e, no fim das contas, ao próprio homem. E, cá entre nós, é exatamente disso que a gente precisa agora.