
O aeroporto de Guarulhos foi palco de um momento de comoção nesta quarta-feira (24). O voo que trazia os restos mortais da cantora Preta Gil pousou por volta das 14h, encerrando uma jornada que mobilizou fãs e familiares. A cena — discreta, mas carregada de significado — levantou questionamentos: como funciona, afinal, o transporte aéreo de corpos?
Não é como embarcar uma mala extra. Exigências técnicas, sanitárias e até burocráticas transformam o processo num verdadeiro quebra-cabeça logístico. A começar pelo caixão: precisa ser hermeticamente fechado, com revestimento interno de zinco. "Parece um detalhe, mas evita vazamentos que poderiam paralisar uma operação inteira", explica um agente funerário que preferiu não se identificar.
Papelada e prazos curtos
Antes de decolar, uma papelada digna de filme de suspense:
- Atestado de óbito com causa da morte
- Laudo de embalsamamento (se for o caso)
- Autorização da ANAC e da vigilância sanitária
- Documentos que comprovem o direito de traslado
"Tem gente que acha que é só comprar a passagem", comenta ironicamente um funcionário de companhia aérea. A burocracia pode levar até 48 horas — tempo que familiares dificilmente têm de sobra em momentos de luto.
Dentro do avião: um passageiro diferente
No caso de Preta Gil, o corpo viajou no porão de carga, em área específica separada de bagagens comuns. Mas há situações em que urnas com cinzas podem ser transportadas na cabine — sim, como bagagem de mão. "Já vi caso de passageiro que segurou a urna no colo durante todo o voo", conta uma comissária de bordo.
O preço? Variável como tarifa dinâmica. Depende da rota, urgência e até do peso. Pode sair mais caro que primeira classe para um ser humano vivo. E não, não acumula milhas.
Enquanto isso, em Guarulhos, o silêncio no desembarque falou mais que qualquer discurso. Fãs que conseguiram informações do voo se aglomeraram à distância, num misto de curiosidade e respeito. "Ela merecia esse adeus", murmurou uma jovem de camiseta rosa — cor que virou símbolo da luta da cantora.