
O cenário musical brasileiro acordou mais silencioso nesta segunda-feira. Angela Ro Ro, aquela voz rouca e cheia de personalidade que embalou gerações com clássicos como "Amiga" e "Simples Carinho", nos deixou. Aos 75 anos, a artista partiu em sua casa no Rio, deixando um vazio que só sua presença única poderia preencher.
Não foi uma despedida abrupta, mas isso não torna a dor menor. Há anos, Angela enfrentava uma série de complicações de saúde – problemas cardíacos e respiratórios que, francamente, tentaram calar uma força da natureza, mas nunca conseguiram apagar seu espírito. A causa da morte, segundo sua assessoria, foi uma parada cardiorrespiratória. Até o fim, ela estava cercada pelo carinho da família, o que é um pequeno consolo nessa hora tão cinzenta.
O Coro de Despedidas
E que coro! As redes sociais viraram um verdadeiro palco de homenagens. Parecia que todo mundo que um dia se emocionou com sua música precisava gritar sua saudade. A homenagem veio de todos os cantos: de fãs anônimos a gigantes como Caetano Veloso, Chico Buarque e Maria Bethânia.
Bethânia, com aquela poesia que só ela tem, escreveu sobre a "voz inesquecível" e a "força impressionante" de Angela. Já a funkeira Valesca Popozuda – uma conexão linda entre diferentes gerações da música – postou um stories simplesmente dizendo "Lenda". É isso. Ela resumiu tudo.
E não parou por aí. De Daniela Mercury a Zélia Duncan, de Lulu Santos ao ministro da Cultura, Juca Ferreira... a comoção foi geral, mostrando o quanto aquela mulher de personalidade forte e humor ácido marcou a cultura desse país.
Muito Mais que "Amiga"
Olha, reduzir Angela Ro Ro à música "Amiga" é um crime. A carreira dela foi uma verdadeira montanha-russa de emoções, lançando mais de vinte álbuns desde os anos 70. Sua música era uma mistura potente de MPB, rock, samba e uma boa dose de atitude.
Quem teve o privilégio de vê-la ao vivo sabe: era um espetáculo à parte. Seu jeito direto, suas piadas cortantes e sua entrega visceral no palco criavam uma experiência única, quase uma terapia coletiva com muito piano e verdade.
Além dos sucessos, Angela era uma compositora de mão cheia, emplacando hits na voz de Elis Regina, Maria Bethânia e Ney Matogrosso. Seu talento era brutais.
O legado que Angela deixa é imenso. Ela não foi apenas uma cantora; foi um símbolo de autenticidade em uma indústria que muitas vezes prega o oposto. Sua música falava de amor, desilusão, amizade e resistência – sempre com uma honestidade que cortava direto na alma.
O velório está marcado para esta terça-feira, no cemitério memorial do Carmo, no Caju, Rio de Janeiro. Uma última chance para o Brasil dizer um obrigado. Obrigado por toda a música, Angela. O palco do céu acaba de ganhar sua estrela mais brilhante e, com certeza, a mais engraçada.