
O Theatro Municipal do Rio de Janeiro virou palco de uma despedida emocionante nesta quinta-feira. Preta Gil, ícone da música e da cultura brasileira, recebeu uma última homenagem que lotou o espaço — gente de todos os cantos, alguns até sem conseguir entrar, tal era a multidão.
Não era só tristeza, não. Tinha música, tinha abraço apertado, tinha história sendo contada nos corredores. A família, claro, no centro de tudo. Gilberto Gil, com aquele jeito tranquilo que só ele tem, recebia cada um como se fosse um amigo de longa data. A irmã, Nara Gil, com os olhos cheios d'água mas sorriso no rosto, lembrava das travessuras de infância.
Celebridades e fãs lado a lado
O lugar tava tão cheio que você nem sabia pra onde olhar. De repente, topava com Anitta conversando baixinho com Iza. Mais adiante, Caetano Veloso parecia perdido nos próprios pensamentos. E os fãs? Ah, esses nem se importavam com a fila que não acabava mais — valia cada minuto de espera.
"Ela sempre foi assim, né? Juntando todo mundo", comentava uma senhora enquanto ajustava as flores que trouxera. Tinha de tudo: desde crianças que provavelmente nem entendiam direito o que acontecia até senhoras que acompanhavam a carreira de Preta desde os tempos de "Só vou ficar".
Um legado que vai além da música
Quem pensa que o impacto de Preta se resumia aos palcos, se enganou feio. Nos cantos do teatro, dava pra ouvir histórias dela ajudando tal projeto social, apoiando tal causa. "Ela não era famosa só por ser famosa", defendia um jovem com camiseta do movimento negro. "Era gente como a gente, só que com microfone."
O caixão, coberto por um manto de flores brancas e roxas — cores que ela adorava — ficou no centro do salão principal. De vez em quando, alguém soltava um "Preta!" como se esperasse resposta. Aí vinha o silêncio de novo, só cortado pelo barulho discreto de soluços.
Lá fora, a cena era quase cinematográfica. O sol do fim de tarde batia na fachada do teatro enquanto um grupo começou a cantarolar "Sina", uma das músicas mais marcantes da artista. Não demorou pra virar coro. Quem passava na ria parava, alguns se juntando, outros só observando com aquele respeito mudo.
À noite, quando os últimos visitantes foram embora e as luzes começaram a se apagar, ficou aquela sensação estranha — de vazio, mas também de gratidão. Preta pode ter partido, mas o que ela construiu? Isso fica. E como fica.