
Lembra daquela personagem que simplesmente não se interessava por romance? Pois é, ela fez história muito antes de representatividade ser moda. Nos idos de 1988, uma figura peculiar surgia nas telas da Globo e deixava todo mundo intrigado.
Numa época onde todo mundo tinha que ter um par — literalmente —, Maria Helena aparecia como aquela secretária eficiente, profissional impecável, mas completamente alheia aos flertes e paqueras do ambiente corporativo. E olha que não faltavam pretendentes!
O papel que desafiou convenções
Interpretada por Nair Bello — sim, aquela atriz talentosa que já havia feito tantos outros personagens — Maria Helena foi uma verdadeira revolução silenciosa. Enquanto as tramas românticas fervilhavam ao seu redor, ela estava mais preocupada em datilografar documentos e servir café.
O mais curioso? A palavra "assexual" nunca era pronunciada. A representação simplesmente existia, naturalmente, sem alardes ou explicações. Quase como um segredo que todos viam mas ninguém comentava.
A atriz por trás do mito
Nair Bello, carioca da gema, já era nome conhecido quando aceitou o papel. Com uma carreira sólida no teatro e na televisão, ela trouxe uma nuance especial para Maria Helena — uma mistura de dignidade, humor sutil e aquela pitada de mistério que mantinha todos curiosos.
Dizem que até os roteiristas se divertiam com a situação. Criavam cenas onde homens interessados tentavam conquistá-la, apenas para serem gentilmente — mas firmemente — rejeitados. Era quase uma piada interna, mas com um respeito admirável pelo personagem.
Um legado que permanece
Três décadas depois, a discussão sobre representatividade na mídia finalmente ganhou o centro do palco. E adivinhem? Maria Helena é frequentemente citada como exemplo pioneiro — uma personagem assexual antes mesmo de o termo ser popularmente conhecido.
Nair Bello faleceu em 1993, deixando um legado artístico impressionante. Mas é irônico como esse papel específico, tão discreto em sua época, ressoa com tanta força hoje. Quase como se a arte antecipasse, mais uma vez, as conversas que a sociedade ainda precisaria ter.
Pensa só: quantas pessoas se viram representadas naquela secretária? Quantos se sentiram menos sozinhos? A televisão, mesmo em seu formato mais comercial, às vezes acerta em cheio — mesmo sem saber completamente o que está fazendo.