
O Rio de Janeiro parou — ou melhor, respirou fundo — nesta sexta-feira. No centro da cidade, um misto de dor e gratidão tomou conta do ambiente enquanto figuras conhecidas e anônimas se revezavam para dizer adeus a Preta Gil. A artista, que marcou gerações com sua voz e irreverência, recebeu uma despedida à altura do seu legado.
Desde cedo, o local ficou pequeno para tanta emoção. Flores de todas as cores, cartas escritas à mão, fotos amareladas pelo tempo — cada detalhe contava uma história diferente sobre quem foi Preta. "Ela tinha esse dom de fazer todo mundo se sentir especial", comentou uma fã entre lágrimas, segurando um LP autografado de 2003.
Presenças que falaram mais que palavras
O que mais chamou atenção? Talvez tenha sido a naturalidade com que o pessoal do show business se misturou ao público comum. Ali, naquela fila que dobrava a esquina, não havia VIPs — apenas corações partidos e sorrisos ao lembrar das loucuras que a cantora proporcionou.
- Gilberto Gil, visivelmente abalado, recebia abraços sem dizer palavra
- Vizinhas do bairro onde Preta cresceu trouxeram quitutes que ela adorava
- Jovens artistas que ela mentorou improvisaram um coral emocionante
E num daqueles momentos que só a vida sabe criar, uma senhora de 80 anos puxou um samba desconhecido — era a música preferida de Preta na infância, composta pela avó. Quem estava lá jurou ter sentido a energia da artista dançando entre eles.
O adeus que vira celebração
"Isso aqui tá mais parecido com um show do que com velório", riu um segurança, enquanto ajudava a organizar o fluxo de pessoas. E de fato — a medida que o dia avançava, as histórias engraçadas começaram a dominar as conversas. Lembranças de bastidores, festas que viraram lenda, conselhos não solicitados (mas sempre certeiros) que Preta dava a quem cruzasse seu caminho.
Numa esquina, um grupo de amigos montou um "altar pop" com itens que representavam a artista: um batom vermelho berrante, um par de óculos de sol vintage, até uma garrafa de água mineral da marca que ela sempre defendia nos bastidores. "Ela odiaria um clima pesado", justificou um deles, entre um gole e outro da bebida preferida da cantora.
Quando a noite caiu, alguém começou a tocar violão. Sem combinar, sem ensaio — como tudo que Preta mais gostava na vida. As vozes se uniram numa última homenagem, enquanto as luzes da cidade piscavam ao fundo, como palcos acesos só para ela.