
Não é todo dia que a gente ouve falar de um santo que manjava de Photoshop e codificação, pois é. Mas é exatamente isso que torna Carlo Acutis uma figura tão singular – e agora, fiéis catarinenses têm um motivo a mais para se conectarem com sua história.
Lá em Capela, no interior de Santa Catarina, algo extraordinário está acontecendo. A Capela Nossa Senhora de Lourdes, que já era um local de fé, se transformou num ponto de fervor religioso. O motivo? Uma relíquia verdadeiramente peculiar: alguns fios de cabelo do próprio Carlo Acutis, expostos para veneração pública.
Quem foi Carlo Acutis, o 'santo youtuber'?
Imagina só: um adolescente italiano, viciado em videogame e computadores, que morreu jovem, em 2006, vítima de uma leucemia fulminante. Parece a premissa de um filme, mas é a vida real. Carlo não era um jovem qualquer. Ele usava suas habilidades digitais – algo absolutamente visionário para a época – para catalogar milagres eucarísticos pelo mundo. Criou sites, fez apresentações… basicamente, foi um evangelizador digital antes de isso ser mainstream.
E olha que curioso: seu corpo foi exumado intacto em 2020, e agora ele repousa num santuário em Assis, Itália, vestindo… tênis e um casaco North Face. Sim, você leu direito. Não há nada de medieval nesse santo.
A jornada dos fios sagrados até Santa Catarina
Como é que esses fios de cabelo foram parar no Brasil? A história é, no mínimo, cinematográfica. Tudo começou com o casal Nilzo e Bernadete Bär, proprietários de uma pousada na serra catarinense. Eles receberam a relíquia das mãos da própria mãe de Carlo, Antonia Acutis, durante uma peregrinação à Itália. Não foi um presente qualquer, foi uma missão: «divulgar a história do meu filho».
E eles levaram a sério. A relíquia, guardada num ostensório dourado, agora é o centro das atenções na capela. A comoção é tanta que o local, que antes via cerca de 20 visitantes por fim de semana, agora recebe mais de 400 pessoas. Ônibus de peregrinos de outros estados já marcam presença. É um frenesi silencioso e cheio de devoção.
Por que ele ressoa tanto com os jovens?
Ah, essa é a pergunta de um milhão de dólares. Talvez seja porque Carlo Acutis não é um santo distante, de pinturas antigas e histórias empoeiradas. Ele era um garoto real. Jogava Playstation, assistia filmes, zoava com os amigos. Sua santidade não veio de negar o mundo moderno, mas de encontrar Deus dentro dele.
Ele representa uma ponte. Uma ligação entre a tradição milenar da Igreja e uma geração que nasceu com um smartphone na mão. É como se ele dissesse: «Você pode ser santo sem deixar de ser você mesmo». E cara, que mensagem poderosa, não é?
Os fiéis que visitam a capela em Capela não vão apenas ver uns fios de cabelo. Eles vão em busca de um símbolo. De uma prova de que a santidade não é coisa do passado. Está acontecendo agora, bem diante dos nossos olhos – e, às vezes, bem na nossa timeline.