
Trinta e quatro anos se passaram, mas a voz rouca e os versos afiados de Cazuza ainda ecoam como um soco no estômago da cultura brasileira. Quem diria que o garoto rebelde de Ipanema se tornaria esse fenômeno atemporal?
Neste exato momento, duas homenagens estão sacudindo o país. No Museu da Imagem e do Som do Rio, a exposição "Barra 40" — nome tirado de uma de suas canções mais ácidas — reúne fotos raras, letras manuscritas (com rabiscos e palavrões incluídos) e até aquele famoso colete de couro que virou sua segunda pele.
O poeta por trás do mito
"Ele antecipou tudo", diz o curador da mostra, mostrando um caderno escolar onde o adolescente Cazuza já rabiscava versos sobre a ditadura. Incrível como esse cara enxergava o futuro com tanta clareza, não?
E não para por aí. Nas salas de cinema, o documentário "Só as Mães São Felizes" — dirigido ninguém menos que sua irmã, Lucinha Araújo — está arrancando lágrimas e aplausos. Cenas inéditas mostram o artista nos bastidores, entre crises criativas e momentos de pura genialidade.
Por que Cazuza ainda nos toca?
Talvez porque sua música falava de verdades que ninguém ousava cantar. Ou porque sua vida foi um furacão de contradições — frágil e forte, arrogante e vulnerável, tudo ao mesmo tempo.
"Ele era um espelho quebrado do Brasil", define um fã na fila da exposição. E que espelho! Mesmo depois de tanto tempo, continuamos nos reconhecendo nos pedaços que ele deixou.
Detalhe curioso: a mostra no MIS já bateu recorde de visitação. Jovens que nem eram nascidos quando Cazuza morreu se aglomeram para ver de perto o que foi essa lenda. Prova de que grande arte não tem prazo de validade.