
Quem diria, hein? A vida dá voltas mais imprevisíveis que um drible de Neymar em dia inspirado. Thiago Gentil, lá pelos idos de 2006, era um dos garotos de ouro das categorias de base do Santos — sim, aquele mesmo time que revelou Pelé e Robinho — e dividia o vestiário com ninguém menos que Alisson Becker, nosso goleiro da seleção, e até com o fenômeno Neymar Jr.
Pois é. O futuro parecia traçado: contratos milionários, holofotes, estádios lotados. Só que o destino — esse técnico misterioso — tinha outros planos completamente diferentes.
Da bola rolando à mente humana
O sonho do menino Thiago, como o de tantos outros, esbarrou numa realidade dura e frequentemente silenciada no futebol: a pressão psicológica, a solidão dentro dos concentrados, a ansiedade que corrói. Ele mesmo viveu na pele essas dores. E foi justamente essa experiência crua que plantou a semente de uma nova paixão.
Abandonou os campos profissionais? Não exatamente. Redirecionou a jogada. Troqueu as chuteiras por livros de Freud e Vygotsky, e hoje, pasmem, está devidamente formado em psicologia. Mas não qualquer psicologia. Ele mirou logo o topo: a psicologia esportiva.
O novo sonho: vestir a amarelinha de outra maneira
O ambition dele agora é pesado, viu? Não contente em apenas clinicar, Thiago já deixou claro: quer um lugar no departamento de psicologia da Seleção Brasileira. Imagina só a cena: ele, que já viveu a pressão de vestir a camisa do Santos, agora quer ajudar os craques canarinhos a lidarem com o peso da nação nas costas.
— A experiência dentro de campo é incomparável — ele deve pensar, com uma bagagem que poucos psicólogos do esporte podem ostentar. Quem melhor para entender um atleta de elite do que alguém que respirou aquele ar rarefeito?
Numa entrevista que concedeu, o tom era de quem encontrou o verdadeiro propósito. Não é sobre desistir do futebol; é sobre ressignificá-lo. É sobre cuidar da mente, que, no fim das contas, é o motor que move qualquer perna de jogador.
E o que isso revela sobre o esporte moderno?
Olha, a história do Thiago é um sintoma claro dos novos tempos. O futebol — e o esporte de alto rendimento como um todo — finalmente começa a enxergar que talento físico não basta. A saúde mental saiu do armário e virou peça estratégica.
Clubes grandes já correm atrás de profissionais qualificados, mas ter alguém com a vivência prática de um ex-atleta? Isso é ouro. É como se ele falasse a mesma língua dos jogadores, uma linguagem que vai muito além dos jargões técnicos.
Thiago Gentil não virou manchete por um gol decisivo ou uma defesa impossível. Sua jogada de gênio foi outra: enxergar dentro de si uma vocação que poderia impactar muito mais vidas. E, convenhamos, é uma belíssima virada de jogo.