
Não é só mais um dia no calendário. O 25 de Julho — data que ecoa como um grito coletivo — marca o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha. E no Brasil? Aqui, a data ganha contornos ainda mais profundos, misturando dor, orgulho e uma resistência que não cansa.
Raízes que sustentam asas
Quantas histórias cabem em um só corpo? Mulheres negras carregam séculos de luta nas costas — e ainda assim, seguem escrevendo futuros. "A gente não quer só sobreviver, quer ocupar todos os espaços", diz Maria Silva, 34 anos, educadora. E ela tem razão: de 2012 pra cá, o número de mulheres negras em universidades públicas quase triplicou. Mas os desafios? Ah, esses ainda pulam na frente como obstáculos diários.
Os números que doem (e os que inspiram)
- Salário médio 44% menor que o de homens brancos
- Vítimas de 66% dos feminicídios no país
- Mas também: 53% das empreendedoras brasileiras são negras
Numa esquina qualquer de Salvador, Rio ou São Paulo, você encontra essa força. São cabeleireiras virando microempresárias, mães criando redes de apoio, jovens quebrando barreiras na tecnologia. Tudo isso enquanto enfrentam o racismo estrutural — aquele que insiste em dizer "você não pertence aqui".
Festival de cores e consciência
Em eventos pelo país, o 25 de Julho virou explosão de identidade. Turbantes que são coroas, danças que contam histórias, poesias que curam. Em Belo Horizonte, o Festival Latinidades — maior evento de mulheres negras da América Latina — transformou a cidade num palco de empoderamento. "Quando nos reunimos, mostramos que existem mil jeitos de ser mulher negra", reflete a produtora cultural Ana Moura.
E não é só festa. É estratégia. Grupos organizados usam a data para pressionar por políticas públicas, como a Lei Marielle Franco contra a violência política de gênero e raça. Porque celebrar sem mudar? Isso pra elas não serve.
O futuro já começou
Nas periferias, nas universidades, nos gabinetes — as mulheres negras estão reescrevendo as regras do jogo. Talvez você já tenha visto: são as jovens criando coletivos de tecnologia, as mães liderando mutirões contra a fome, as artistas ocupando museus que antes as ignoravam.
Como bem disse uma participante do evento em Brasília: "Nossa resistência é diária, mas hoje a gente faz barulho de propósito". E que barulho! Um som que mistura tambor, voz de protesto e riso de quem sabe que o caminho é longo — mas não está sozinho.