
Eis que de Belém do Pará surge um daqueles talentos que simplesmente te fazem acreditar que a arte brasileira é mesmo inesgotável. Wallace Cordeiro, um ilustrador com a Amazônia pulsando em suas veias, acaba de realizar o que muitos artistas regionais sonham: levar nossa riqueza cultural para o epicentro da moda nacional.
Não foi por acaso – seu trabalho, repleto daquela vibração única da floresta, chamou a atenção de curadores durante a São Paulo Fashion Week. Imagina só: cores que lembram o pôr-do-sol sobre o Rio Amazonas, padrões que ecoam a arte marajoara, texturas que parecem saídas diretamente da mata virgem.
Wallace não esconde a emoção: "É surreal ver minhas criações ganhando vida nas roupas", confessa ele, ainda meio sem acreditar. "Cada traço carrega um pedaço da nossa identidade, das nossas histórias. É como se a floresta estivesse sussurrando através das peças".
Mais do que moda: um manifesto cultural
O que torna essa conquista ainda mais significativa é o timing. Num momento em que o mundo discute sustentabilidade e valorização de origens, a coleção chega como um respiro de autenticidade. As estampas não são apenas bonitas – elas contam histórias.
- Padrões geométricos inspirados em cestarias indígenas
- Tons terrosos que remetem à diversidade da terra firme
- Silhuetas que brincam com formas de animais da região
- Detalhes que homenageiam técnicas artesanais locais
E o melhor? Tudo feito com respeito às tradições e com um pé firme na contemporaneidade. Não se trata de folclorização, mas de uma releitura inteligente e sensível.
O caminho até as passarelas
A trajetória de Wallace é daquelas que alimentam sonhos. Autodidata, começou desenhando em cadernos escolares enquanto crescia na periferia de Belém. Sua persistência fez com que ele transformasse observações do cotidiano amazônico em linguagem visual – e agora o Brasil inteiro poderá vestir pedaços dessa narrativa.
Ah, e tem mais: parte da renda das vendas será revertida para comunidades ribeirinhas da região. Moda com propósito? Sim, e como!
Quem diria que os traços de um menino do Norte acabariam definindo tendências no eixo Rio-São Paulo? A Amazônia agradece – e a moda brasileira também.