
Não é todo dia que se ouve falar de orgulho quando o assunto são favelas, mas no Amazonas a história é diferente. Uma pesquisa recente da Central Única das Favelas (CUFA) mostrou que os moradores de duas comunidades no estado — que preferem não ser nomeadas — estão cheios de amor pelo lugar onde vivem. E não é pouco: mais de 80% dos entrevistados disseram que não trocariam seu lar por nada.
"Aqui a gente tem história, tem vizinho que vira família", contou Dona Maria, uma das moradoras, enquanto arrumava sua varanda cheia de vasos. "Quando chove, a água sobe, mas a gente se ajuda. Isso aqui é nosso."
Números que desafiam preconceitos
Os dados da CUFA — coletados durante três meses de conversas porta a porta — revelam:
- 83% se sentem "muito orgulhosos" de morar na comunidade
- 76% acreditam que o local melhorou nos últimos anos
- Apenas 12% considerariam se mudar se tivessem condições
"Esses números são um tapa na cara de quem só vê problemas", comentou o coordenador regional da CUFA, João Silva. "Claro que há desafios, mas o que prevalece é o sentimento de pertencimento."
O que faz uma comunidade ser amada?
Entre os motivos citados pelos moradores estão:
- Laços familiares e de amizade profundos
- Cultura local vibrante — desde o carimbó até as festas de rua
- Economia comunitária que sustenta pequenos negócios
- Belezas naturais únicas da região
Não é perfeito — longe disso. Falta asfalto em algumas ruas, o transporte público é precário, e o acesso a serviços básicos ainda é um desafio. Mas, como disse o jovem Marcos, de 19 anos: "A gente sabe que é favela, mas é a nossa favela. E ela tem valor".
Enquanto isso, a CUFA planeja usar os dados para pressionar por melhorias — sem apagar a identidade que os moradores tanto valorizam. Afinal, como diz o ditado popular que ecoa por essas ruas: "Quem não conhece, fala mal. Quem conhece, não quer sair".